31 de dezembro de 2012

Ensaio sobre a doçura


Este ano, que se encerra daqui a algumas horas, tem seu último dia recheado das mensagens mais diversas, sobretudo as que de esperança prevalecem à crença de um porvir muito melhor do que os dias atrás contados.
Tem gente que reclama, que clama por tantos sentimentos em falta, que silencia para escutar o que os outros querem, à preguiça a ver nesse rol de desejos humanos o que puxar pra si e dizer que já tem o que esperar.
Achei 2012 um ano muito filho da puta, meu ano vulgar, bem baixo calão, mesmo. Mas antes de sê-lo para comigo para com ele o fui.
Fui o mais determinado dos vagabundos (só menção a essa palavra que há dois dias me transtornou) dos dominicais que perpetuei por mais seis dias adiante. Levei a sério o que tinha de ser até a parte que parei e me enchi de gargalhadas. Recobri-me do ácido bem pessoal - esse se repete faz anos -, com amálgama obturei todos inconvenientes sorrisos danificados ao logo de doze meses. Tomei minhas últimas doses ultrajantes para fugir da sobriedade que me deixa com a carinha de bom moço de "quem não conhece que te compre"... quase me coloquei à venda.
Olha, quantos amigos fiz, mas esses vieram e a maioria permaneceu do outro lado da minha companheira tela de LCD! Cobrei mais que mil vezes que o amor via Facebook não é o suficiente pra me animar em ir ao baile de qualquer formatura, casamento... vamos-marcar-cerveja-no-fim-de-semana. Desacreditei no amor da metade dos meus "amigos". Hoje, nem um quarto deles considero. Ficaram bem pouquinhos, mas foram sempre os mais bonitos (em tudo). Ainda assim, também pude celebrar num barzinho, na esquina, ou no café o adeus aos dedinhos nervosos que teclam combinações de afeto e fomos abortando até chegar àquele um olho no olho tão gostoso, cheio de confidências que arrancaram sustos e até choros de alguns que não imaginavam minha historinha mais recente do mundo que desabou nas minhas costas e esse foi o que eu estava tentando levantar com todas os trecos apanhados. Aí, de súbito, eu já tinha o gancho pra meu maior patrimônio: vontade de chegar mais-pra-lá! Então voltamos a rir.
Este ano foi o que expus mais minha barba, meu bigode, o pelo do meu peito, a papada sobre o meu queixo, minhas indesejáveis gordurinhas, minha antes-vergonha de ser pouco mais pesado do que aquele cara da capa da revista que eu mesmo parei e disse: "ah!"
Então passou um semestre, o primeiro, e decidi o ganha-pão por meu mais absoluto esforço pode ser, ou melhor, será com o fermento que eu quiser. Até lá ainda tem um monte de padaria aberta pra eu chamar um amigo ou amiga pra brindar qualquer conceito "bom" de uma disciplina que cursei ou os 100 reais que ganhei revisando aquele texto de algumas laudas. Porque a semana se faz com dias... no estabelecido tem-se o ano, do mesmo jeito é a junção de moedas, de amigos, ou de folhas escritas até que um livro fique pronto.
E o melhor deste ano foi ter achado a minha metáfora, meio maníaca - tudo bem! -, mas ela será a minha surpresa pro próximo ano ou pra próxima atração que minha cabeça quiser montar e exibir, ainda que a plateia seja um quarto do montante que achei que compareceria.