14 de novembro de 2016

Do abandono da palavra e do tempo verbal

O amor não verbal alagou tudo.
Olha quem semeava a paz,
Antes mesmo de colocar no papel detalhes da vida.
Quando achei que não havia mais um ritmo melódico,
Era só ruído na rua da amargura
Perdido à desatenção face a cada som confuso.
Eu precisava silenciar e concentrar-me naquela folha em branco
A ser preenchida de minúcias como um plano e suas etapas.
Uma amiga dizia: "é coisa de um capricorniano."
Eu estava descrente em muita coisa...
O que era Zodíaco?

Era...
Folha com linhas milimetricamente traçadas,
A fim de evitar passo em falso
Curva misteriosa,
Abrupta e nervosa coincidência.
Queria a certeza calculada da realidade,
Porque preferi a vida em detrimento dos sonhos.

É...
Agora estou sonhando,
Pois que veio o sono da ilusão,
Dos olhos fechados e não querendo seguir as linhas traçadas,
Reta, uma vez que a retidão foi-me o mais coerente caminho.
Eu nunca fui muito coerente.
Um coerente em potencial, só um desejo, o máximo.

Será...
Que existem sinônimos para isso tudo?
Quanto deles?
Qual deles o mais bonito?
Como eles fluem para andar em círculos
E passar novamente por repetição,
Por opção?
Dei-me novamente à quimera.
Eu gosto, eu gosto tanto de sonhar.
Eu gosto...
Eu me contradisse, feliz, porque vi que estava errado.
Este foi o equívoco ornamental.
Outra vez.

Então...
É muito engraçado!
Um descrente a procurar, hoje, sinônimos.
Aquela agonia de buscar uma palavra;
Uma palavra ainda mais bonita,
Um adjetivo ainda mais intenso...

A gramática que se foda!
O dicionário que se exploda!
Porque já não consigo nela achar a razão disso:
Preciso calar-me novamente.
Ah...
Há outro viés:
Escutar suspiros.
Ver intangíveis versos -
(leiam-se fluxos) .
Este silêncio é diferente,
Pois me diz mais que tudo,
Mais que palavras
Que ainda não encontrei.

Abandonei a palavra.
E fui tão feliz...
Contigo.