18 de abril de 2018

O Brasil não é para principiantes

Se calhar, o apartamento pode ser meu.
Eu adoro quando a imprensa internacional decide repercutir sobre os acontecimentos no Brasil. Não por ser melhor que a nossa, mas por ser mais imparcial do que se tivesse negócios sombrios dentro do mercado brasileiro; aliás, fomento político há tanto tempo. Acho que a piada sobre "burrice" pode ser invertida em tempos líquidos. Continuaremos apenas sambando, só que sob o compasso dos outros, a melodia dos outros, até que sejamos mais nós mesmos, quando reduzidos a nada. Falta quanto?
Adeus, daqui a pouco terra que passou de Vera Cruz para  MediaCorporation by US rules e 15 + 45 que nunca digitei numa urna.
Segue a reprodução do texto divulgado ontem no Jornal de Notícias:

De tanto ouvir dizer que Lula da Silva tinha sido condenado sem provas decidir ler a sentença.

A lei brasileira ensombra o julgamento imparcial pois permite que Sérgio Moro seja o juiz na instrução e no julgamento. A falta de distanciamento mostra-se na sentença de Moro, sendo vários os momentos em que se diz "ofendido" com a defesa, ou se refere a "interferências inapropriadas do defensor", denotando ânimo e falta de distanciamento indesejáveis num juiz.

A decisão de Moro suscita várias perplexidades. A mais notável é porque não estão claramente identificados os factos provados. Toda a decisão é uma redonda motivação. Lula desconhece rigorosamente as circunstâncias em que lhe dizem que praticou o crime. É ler para crer.

Outra perplexidade: as notícias da Globo são consideradas matéria probatória. Aliás, dão-se por provados factos noticiados pela Globo - sem qualquer confirmação da sua veracidade, e só porque foram noticiados pela Globo. No ponto 376 diz-se: "Releva destacar que, no ano seguinte à transferência do empreendimento imobiliário para a OAS Empreendimentos, o Jornal O Globo, publicou matéria da jornalista Tatiana Farah, mais especificamente em 10/03/2010, com atualização em 01/11/2011, com o seguinte título "Caso Bancoop: tríplex do casal Lula está atrasado (...)". E no ponto seguinte: "a matéria em questão é bastante relevante do ponto de vista probatório".

Notícias da Globo são convocadas noutros pontos da sentença como determinantes para prova da propriedade do apartamento, sedo-lhes mesmo atribuído o valor de documentos.

Isto não é de somenos, se pensarmos que se trata de um dos jornais mais lidos no Brasil. Ora, Sérgio Moro atribuiu grande peso ao facto de funcionários do prédio, sem nunca justificarem porquê, terem declarado que viam em Lula o proprietário do apartamento. Impor-se-ia ao julgador perguntar se não poderia ser assim em virtude das sucessivas notícias da Globo que repetidamente o afirmaram.

Um outro eixo central da condenação são as mensagens transcritas.

As duas primeiras conversas são de fevereiro de 2014. A primeira decorreu entre Léo Pinheiro e Paulo Gordilho, respetivamente o empreiteiro e o engenheiro da OAS e ambos arguidos:

Paulo Gordilho: "O projeto da cozinha do chefe tá pronto se marcar com a Madame pode ser a hora que quiser".

Léo Pinheiro: "Amanhã as 19h. Vou confirmar. Seria bom tb ver se o de Guarujá está pronto".

Paulo Gordilho: "Guarujá também está pronto".

Léo Pinheiro: "Em princípio amanhã as 19h".

Paulo Gordilho: "Léo. Está confirmado? Vamos sair de onde a que horas?".

Léo Pinheiro: "O Fábio ligou desmarcando. Em princípio será as 14h na segunda. Estou vendo. Pois vou para o Uruguai"

Paulo Gordilho:" Fico no aguardo. Leo Pinheiro: OK" .

A segunda decorreu entre pessoa não identificada e Leo Pinheiro:

- Ok. Vamos começar qdo. Vamos abrir 2 centro de custos: 1.º zeca pagodinho (sítio) 2.º zeca pagodinho (Praia)

-Ok.

- É isto, vamos sim.

- Dr. Léo o Fernando Bittar aprovou junto a dama os projetos tanto de Guarujá como do sítio. Só a cozinha Kitchens completa pediram 149 mil ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem. E isto mesmo?

- Manda bala.

- Ok vou mandar.

- Ok. Os centros de custos já lhe passei?

- Conversando com Joilson ele criou 2 centros na investimentos. 1. Sítio 2. Praia. A equipe vem de SSA são pessoas de confiança que fazem reformas na oas. Ficou resolvido eles ficarem no sítio morando. A dama me pediu isto para não ficarem na cidade.

- Ok.

A terceira mensagem é de agosto de 2014, e foi trocada entre o empreiteiro e um executivo da OAS:

Marcos Ramalho: "Dr. Léo. A previsão de pouso será por volta das 9.40, alguma orientação quanto ao horário do compromisso. Obs.: Reinaldo acredita que chegará no local que o Senhor indicado por volta das 10.30".

Leo Pinheiro: "Avisa para a Cláudia (sec) do nosso Amigo para que o encontro passe para as 10.30 no mesmo local".

Marcos Ramalho: "Ok. Leo Pinheiro: Avisou?".

Marcos Ramalho: "Falei com Priscila. Ela tentou transferir no celular de Claudia, mas ela está no banho e ficou de me ligar em 15 minutos. Pelo horário ela já deve está me ligando. Aviso o Senhor assim que falar com ela".

Leo Pinheiro: "É urgente".

Marcos Ramalho: "Dr. Léo. Alterado para 10.30. Falei com Claudia e agora falei o Fábio (filho)".

Marcos Ramalho: "Dr. Léo. Segue o celular de Dr. Fábio. 04111999739606".

Leo Pinheiro:" Avisa para o Dr. Paulo Gordilho".

Marcos Ramalho: "Acabei de avisar Dr. Paulo Gordilho".

Marcos Ramalho: "Dr. Léo, Dra. Lara só pode atender o senhor as 14.30. Deixei confirmado e fiquei de dar OK pra ela assim que falasse com o Senhor".

O teor das mensagens é simplesmente anódino. A segunda delas será a mais comprometedora. Mas Sérgio Moro não explica por que razão conclui que Lula da Silva é "zeca pagodinho", limitando-se a concluir que é assim. De todo o modo, estas mensagens não são suficientes para se concluir que o apartamento foi oferecido a Lula da Silva, que nem sequer intervém em nenhuma daquelas comunicações.

O elemento de prova crucial foi o depoimento de Léo Pinheiro, que aceitou colaborar com a investigação para ter a sua pena reduzida. Fê-lo perante a perspectivava de passar, pelo menos, mais 26 anos preso.

Este arguido foi detido pela primeira vez em novembro de 2014. Em junho de 2016, já em prisão domiciliária, dispôs-se à colaboração premiada. Esta disponibilidade é contemporânea com a sua primeira condenação, por sinal ditada por Moro, em 16 anos e 4 meses de prisão efetiva. A proposta de colaboração foi rejeitada.

Em setembro de 2016, Sérgio Moro ordena a prisão carcerária de Léo Pinheiro, que entretanto também vira a sua pena agravada para nada menos do que 26 anos de prisão. Em abril de 2017 Léo Pinheiro muda de advogados e propõe nova colaboração, desta vez confessando ter oferecido a Lula da Silva o apartamento tríplex. A proposta de colaboração foi, então, aceite.

Atualmente, e ainda sem qualquer acordo de colaboração premiada concluído, a pena de Léo Pinheiro no processo Lula passou de 10 anos a 3 anos de prisão - em regime semi-aberto e grande parte da qual já cumprida. A colaboração trouxe-lhe enorme benefício, sendo a diferença entre passar o resto da sua vida preso ou apenas uma pequena parte. Quando o prémio é desta grandeza será muito tentador contar o que a acusação quer ouvir. O julgador não pode deixar de ter presente esta lei da vida.

Em termos de documentos, a prova queda-se com a cópia carbono de "Proposta de adesão sujeita à aprovação" assinada por D. Marisa em 12/04/2005 relativamente à aquisição do apartamento 174 (o "apartamento tipo"); e com o original daquele documento, que foi rasurado para o numero 141 (correspondente ao tríplex), ambos apreendidos em casa de Lula.

Entre 2009 e 2014 o apartamento foi visitado duas vezes pela família de Lula de Silva, que não acompanhou os trabalhos de remodelação. Não será plausível que as remodelações tenham sido feitas para seduzir o ex-presidente à aquisição do imóvel? Na altura, Lula era uma figura de prestígio mundial, cuja presença garantiria valor não só ao imóvel, mas até a toda a área. Por outro lado, não sendo Lula, em 2014, presidente do Brasil, por que razão haveria o empreiteiro de se sentir obrigado a remodelar-lhe o apartamento?

Tenho para mim que Sérgio Moro levou o conceito de prova indiciária demasiado longe. Nenhuma das provas é suficientemente consistente e conclusiva. Não afirmo a inocência de Lula. Mas entendo que a sua culpa não ficou suficientemente demonstrada para a condenação. E, tal como muitas vezes se repete pelos tribunais, melhor fora um culpado em liberdade do que um inocente preso.

Rita Mota Sousa - magistrada do Ministério Público de Portugal

15 de abril de 2018

Curriculum vitæ

Enquanto um governo golpista acaba com as esperanças da população brasileira a cada canetada que dá; decreta o infortúnio na vida das minorias que sempre alimentam as estatísticas favorável e desfavoravelmente neste solo fértil que se degrada a cada pilastra que se levanta em nome da fortuna de bem poucos, eu jamais desisti do caminho mais justo, para mim e para seguir a regra que determinei para minha passagem por este terreno com muita injustiça. Frequentei faculdade, não foi uma apenas, não foi fácil, mas foi meritocracia. Consegui concluir uma faculdade há uma década, frustrei-me na profissão que um dia sonhei para mim. Escrevo cada vez pior, escrevo mal, eu tenho motivos para me desmotivar com o jornalismo de caras lindas, de bons contatos, como se chama fontes, mas das que envelhecem e apodrecem uma desvergonha que não me permiti: escrever mentiras ou dizer por alguém sob a cara-e-pau que se chama imparcialidade da mídia. Sou um jornalista fraco, apenas tenho um registro do ministério do trabalho que me deu um carimbo na carteira, mas nunca consegui assinatura para trabalhar para homens de bens, políticos com seus muitos bens: Mercedes-Benz e coisinhas, mimos acumulativos angariados com muita publicidade e sangre alheio.
Então tentei provocar em mim um novo desejo, o de me tornar parte da mão de obra da população economicamente ativa do Brasil, fazer algo por mim e pelo mercado, e mais uma vez me profissionalizei no nicho do Turismo, no qual em pouco tempo estarei graduado, e já alcancei algumas metas no País que há pouco tempo parecia andar por caminhos mais gentis. Capacitei-me ali, nas cadeiras e estrutura ruindo de uma universidade pública, tentei e consegui ter o melhor coeficiente de rendimento do corpo discente; com isso tive oportunidade, que muito podem julgar sortilégio, privilégio, mas eu me dou por satisfeito de conseguir por métrica curricular: as chamadas notas. Em primeiro lugar, em 2016, logrei uma bolsa de estudos para cursar um semestre fora do Brasil, fui com muito medo e com aquela expectativa de adolescente sonhando com eiras e beiras mais ornamentadas. Nem tudo foi de graça, mas foi com a graça de permanecer com meus valores intactos que frequentei cadeiras mais confortáveis e entendi o quão meu país segue aquém da qualificação necessária neste globo bem globalizado; só tentei acompanhar. Consegui um estágio depois de voltar, mas não foi fácil, mesmo primando o currículo, só três meses depois do meu retorno do velho mundo cheio de coisas novas, como sempre europeizadas, fiquei nove meses servindo ao patrimônio dos outros e aprendi o máximo que pude, ao custo de tão pouco pela minha capacitação: uma bolsa, um almoço muitas vezes mal cozido, até podre (tive infecção intestinal, inclusive), um auxílio para transporte. Eu aprendi tanto e fui algumas vezes desmotivado, mas fui. Fui cansado, choroso, medonho, irritado, mas fui. Voltei mais entristecido com a desesperança que até ofuscou o que aprendi de novo, por dia, e pela noite, muita insônia e mais choro. Acabou, e onde estava o reconhecimento por tudo que deixei em troca de aprender e dominar a técnica? Estava apenas num "obrigado" bem formal como se formalizam as relações de trabalho. Saí reclamando, eu sou de reclamar, ao passo que procurava uma oportunidade, mesmo que de peão fosse para servir, porque minha casta só é de serventia quando se tem saúde e disposição.
Então...
Consegui que assinassem minha carteira de trabalho, passo a semana atrás de um balcão, com a mesma dignidade de sempre e o desejo incansável de mais aprender e servir, e tentar melhorar tanto para mim quanto para a quem precisa de melhoria em serviços.
Ontem, estava indo trabalhar e, no caminho, algumas lágrimas que eu derramava por algumas questões que ainda persistem na minha rotina de pensamento, sonhando com o dia em que essas, por esses motivos, não mais haja, em toda a qualidade do verbo "haver", embora o sentido de existir não tenha um efeito sequer na existência. Debrucei-me no labor com uma satisfação incrível de mente ocupada por algumas horas boas. No final da jornada, ao contrário do choro da ida ao trabalho, um sorriso por saber que, honestamente, consegui mais um passo à frente, enquanto o governo golpista acaba com as esperanças. Eu só tinha gratidão dentro de mim, por ser honesto, por estar ocupado, por não chorar na volta a casa por motivos banais, que definham no caminho de volta, diminuindo constantemente e dando espaço a novos projetos.
Este texto é de gratidão. Acho que viver com gratidão tem me ajudado a encontrar uma resposta satisfatória para todas as indagações que tenho quando me deparo com injustiça. Grato e satisfeito é melhor do que o estado vulnerável das coisas e das pessoas inúteis que nutrem sensação de mal-estar.
Tenho todos os nomes na memória, e um dia escreverei nominalmente a cada um deles que ajudaram nesta sensação. Ainda que eu escreva cada vez pior, mas não carrego mais a culpa de ser jornalista.

8 de abril de 2018

Usuário em defeito

Esquece o dia de ontem,
Anteontem e todas as semanas atrás.
Perde-te de mim nas horas das tuas fraquezas;
Esquece a franqueza com que eu sorri com força
Mesmo com o pranto entalado no cerne da minha metástase.

Tua doença não é mais minha, 
Não posso absorver angústias pessoais
E saudações impessoais depois de ter sido pessoa,
Casa, pilar, terreno e raiz concretada.
Minha cura vem por minha dúvida,
Minha palavra jamais será equivocada.

Desvios de sentidos, força esvaída no caos da Revolução
Patos amarelos em meio ao fogo de artifício
E bons dias artificiais, praxe dos covardes de plantão,
Etiqueta e opinião brandas como ondas de mar sereno,
Como dívidas a longo prazo e, custe o que custar,
Saberás, assim, o valor de uma demolição.

Esquece rotas e ruturas, de supetão, tuas
Tontas passagens por lado qualquer, lado a lado
Ponte entre mim e coisa nenhuma, unha encravada,
Dedo doído de apontar para o horizonte
Em que uma linha escura abastece o transtorno.

Deita-te ao som da fúria das gaivotas,
Cortando o silêncio de um ecrã frio e dissimulado, 
À palma da tua mão gélida sem saber por onde começar,
Emudeço num clique obstinado por novo lar.

Estou calado; saio lesado; caio caiado; marco ousado
De quem está em pé para sorrir novamente a quem estiver à frente.
- Bom dia, senhora. Seja bem-vinda... 
Gastei todo meu dicionário por um doentio e supeito
Utente de um hospital onde nem são nem salvo
Adoece completamente para remédio nenhum fazer efeito.

6 de abril de 2018

Pragmático

Um homem, quer por instinto de sobrevivência,
Quer, com o passar da vida e aquisição de consciência desintoxicada,
Aprende, além de mudar seu rumo,
Não seguir os rumores daqueles que se deixam levar por desvios de tudo quanto é ordem,
Percebe que o destino é uma praga rogada,
Uma arma roubada ou uma espécie de gás poluente e estratégico.
Lave seus olhos com a verdade que aprendeu nas páginas da vida.
O contexto faz de qualquer um arquiteto e também quem põe a mão na massa.
Tem massa de sobra, ela pode estar contaminada;
Quando esta falta, é hora de angariar novos insumos.
É o momento de fazer da sintaxe e da semântica apenas parâmetro.
Sobre melhor construtor, ele mesmo se constrói,
Não sob argumentos, mas sobre o terreno da coerência.

2 de abril de 2018

As palavras que eu coloquei em tua boca

Estou percorrendo quase 160 km em busca de um caminho onde desconsidero todo o percurso. Até aqui, foram alguns minutos e algumas desculpas. Mais de uma hora e meia no trajeto, tudo o que vi era a merda do caminho que eu não tenho em outras vias. E volto, com a sensação de que me enganei por muito pouco, com mais mas dezenas de quilômetros à frente para o meu porto seguro, minha caixinha confortável e sossegada. Minha paz reina ali, no meu império dos sentidos de até-aqui-o-suficiente. Um mimo, uma vida animal na bagagem, uma lembrança para alguns anos posteriores, e mais uma série de equívocos e... lá estou eu de volta à caixinha segura e confortável.
Melhor esquecer e disfarçar a realidade desses tempo ruim, de muitas nuvens e ventos gelados; chuva, agora que choveu, eu me embalo ao som das águas sobre as coisas para não ouvir as demais vozes.
Quando me apetece ser desta forma que venho sendo ao longo de muitos tempo, eu viajo a destinos incansáveis, chegadas e partidas, e nenhuma oportunidade de... sei lá, eu sair daqui de dentro deste box de silêncios e alguns sons da natureza ou da intervenção humana. Pode ser a chuva a molhar o chão, pode ser a neve para esfriar minha cabeça quente, um miado de um gato, um motor de uns carros de aventura ou a torcida inteira vibrando ao canto de uma vitória no campeonato. Qualquer ruído que passe à frente da minha miséria de homem. ´
Se calhar, meu destino nunca será numa nação-irmã, num abraço-irmão, num aconchego familiar, porque os pilares que me sustentam, apesar de familiares, apesar de metáforas de sangue, são fibras de fácil rompimento, porque a verdade que tenho ocultado de mim mesmo e aos meus, são garantias de uma paz interior dissimulada. O sangue se espalha sobre as coisas, as pessoas e as cartas. Está tudo melado de vermelho intenso, mas, eu sei que brando é o meu limite. Não há fronteiras a ultrapassar porque, simplesmente, meu lugar sempre será um só no universo. Talvez isso diga muito de onde escolhi por terra e não foi o lugar onde nasci. Eu sempre fui um estrangeiro dentro de mim e jamais consigo admitir que tenho vínculos com terras além de um céu azul em que acredito ser o lugar de deus. É, portanto, uma outras mentira bem assimilada para não temer tanto esforço de me olhar no espelho e ver como sou.
Eu não tenho coragem de dizer essas coisas de mim, assim, tem uma incerta tempestade que possui nome e sobrenome, para derramar todas as verdades que, no fundo, é apenas um ponto de vista. Estou cego, enfim, não olhe para mim e esqueça quem sou. É melhor para você, sobretudo nesta etapa que você precisa olhar para o seu destino e não o meu. Faça bem mais de seu caminho do que se limitar esperar pelo cruzamento das nossas vias.