Esses dias me disseste, com o teu acento inconfudível, que seria eu o teu proXeto...
Cá eu com meu incofundível desassossego, que projeto tenho eu, para a vida com tantos sujeitos, com tantos complementos e com este mundo inteiro de objeto? No auge do meu caminho mais certo, com a língua a meu favor, com o argumento a meu favor e como nada disso tivesse sentido, numa crise ou num desvio de atenção, eu me perco todinho em muitos desses meus trajetos. São brutais os atalhos que às vezes eu, desatento, perco-me em passos em falso, rota desiludida, tantos pontos de referência, olhar para trás só para ter uma ideia, por que me faço perder neste olhar: para trás: Quando em frente é que se deve ir.
Deixa-me situar agora. Hoje, mesmo. Não te tenho ao lado na cama, porque é um lapso - semanas - em que te tens que ir por teus projetos, outros, que não eu aqui, sem que fiques lá, mas sei que voltas. E preciso entender que voltas, porque eu sou este projeto, em que mais confias em mim do que eu mesmo, tenho certeza, pois eu sempre tenho tanta dúvida, quando deveria ter a tua certeza, que é seta e aponta: nós e ir.
Deixa-me ir, deixa-me ter certeza que estarás, deixa-me querer que vás comigo.
E eu ainda sei que deixas, e ainda mais que queres. Eu já te vejo com mais quereres do que quero. Perdoa-me por deixar de querer, quando não há mais do que desconfiança em que me perco uma vez mais, em saber o que quero e o que(m) me quer. São possibilidades que vivo cogitando ante a dúvida - ela sempre - e que ela não permita mais uma vez que me desvie como antes, em que eu queria ir e não fui, por desistência, sempre do outro, nunca minha para escolher apenas por mim, primeiro; primeiramente, que fosse por nós, mas o nós como somos faz esses anos que somos nós de um jeito que conseguir ver-te mais sendo-me do que eu mesmo sendo-me.
Espero que eu acorde amanhã como mais certeza do que agora: em ser projeto. É melhor ser projeto do que não ser, pois não sendo nem projeto não há caminho a seguir, pois se deixa apenas ir sem destino.