Até que ponto chega a manipulação do debate, a exemplo da Globo News, no programa Entre Aspas, que está rolou nesta quinta-feira à noite.
Repare, não desmerecendo instituições como o IBMEC/RJ e a Puc-SP, mas levar dois representantes de instituições privadas, de característica predominantemente elitizada, regidas sob o aval da igreja católica, para analisarem os protestos em São Paulo, é uma falta discrepante de diversificar opiniões.
Obviamente, com essas três vozes, a criminalização da manifestação é a via unilateral.
Primeiro, erram no que diz respeito a comparações entre gerações antes e pós-governo democrático. Seguido a isso, sinalizam de forma equivocada que antigamente não havia tanta violência e conseguiam mobilizar maior número de pessoas. Mas, de que violência eles falam? Claro, da parte da minoria fomentada: os manifestantes. Desde quando o período da ditadura militar teve menos danos à sociedade do que os protestos deste mês? E as torturas por parte dos militares? E ações dos grupos anti-golpe militar, como sequestros de embaixador, envolvendo grandes nomes da política nacional? E as invasões a casas e repressão até de livros marxistas sob pena de tortura e prisão?
Voltando aos convidados ao debate, representante da classe média alta, interessada no status quo, com seus lemas em direção à moral cristã e defesa da economia com menos intervenção do Estado...
Estão malhando as pessoas, dizendo que elas não representam os trabalhadores, que são estudantes de classe média. Mas qual o trabalhador tem tempo pra sair às ruas e protestarem, sob o risco de perderem seu emprego que mal dá pra pagar uma tarifa absurda, acima do índice da inflação?
Francamente, entendo toda a manifestação contrária ao repúdio ao aumento de tarifa por parte de alguns espectadores dessa violência urbana: são pessoas que prezam apenas pelo sossego da maior e mais rica cidade do País, sustentada por todos os brasileiros, não só o povo paulistano, porque querem se manter nesse patamar de "a" metrópole brasileira, de tão acostumados com a separação de classes, esse vício que privilegia apenas alguns, segundo o poder de consumo inconsciente.
Quebrou-se, sim, muito de São Paulo, essa cidade importantíssima, mas a capital paulista há muito tempo quebrou o sonho de tanta gente e concentrou olhares; o poder público em sua parceria com o privado, como sempre, não respeita todos os cidadãos brasileiros que ajudam a São Paulo ser a cidade que é.
O dano maior é ficar como estava: sociedade apática, apenas confiando no poder do voto e sendo a todo instante explorada pelos caciques do dinheiro.
Essa onda reacionária está tomando um rumo assustador!
ResponderExcluirMas, felizmente, ainda há gente lúcida no meio jornalístico, como vc e o Rovai, por exemplo.
http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2013/06/14/prender-manifestantes-por-formacao-de-quadrilha-e-ai-5-contra-a-luta-social/#comments
Falar nisso, eu não sabia que vc é jornalista! Mais um pra minha lista (restrita!) de profissionais que ainda me fazem acreditar no meio.
Infelizmente, a sociedade tomou o rumo da apatia, na maioria de nossas expressões, acredito. Sempre haverá poucos de nós insatisfeitos, talvez ainda não seja suficiente, mas é o bastante para causar alguma manifestação, como temos presenciado nos últimos protestos. Acho que quanto ao jornalismo, precisamos mesmo de um olhar mais crítico, porque sei como é a lei da sobrevivência e o quanto a informação fica comprometida; mas pra esse olhar, precisamos de repertório, e com a atual conjuntura, fica difícil munir a população de um senso crítico mais apurado. Podemos ler tudo, mas é necessário saber o que é pra se digerir e o que é pra expelir!
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