Nem tudo tem que dar certo. Não há regra. Nem para mais nem para menos. Pode até parecer o mais pessimista dos meus pensamentos, mas não o é. Juro. É o mais incrível que tenho dado a mim como opção de superar palavras enganosas, promessas vis, ventos que sopram baixinho - sinto até a altura do joelho -, tempestades em copo d'água, lobos em pele de cordeiros, sacrifícios de uma moeda pigando num cano longo e de raio longo a perder de vista, uma indução calma e uma leve pluma ante à coceira agonizante nas costas, que pede unhas firmes, forte, para sanar... Sim, superar é olhar para minhas necessidades e preocupações, ver o quão meus gris, que já foram motivo de vergonha, são resultado de uma meta persistente; à altura da minha cabeça pensante, agora, fazem-me entender o quanto me custaram neste espaço todo de tempo, neste espaço todo de gente, nesta hora sozinha, só eu e o tique-taque de um relógio mental. Minha cabeça continua erguida, cada vez mais tingida de cinza, a andar sobre meu corpo.
Fui e voltei. Fiquei um tempo, depois fui por menos tempo e voltei. Se fico? Não sei. Há apostas para todos os lados: nem para mais nem para menos. Eu aposto todos os dias; são jogos invencíveis quando se tratam daquela linha em diante. Eu vim, vi e venci deste lado de cá. Não foi jogo, não foi brincadeira, não tem mais azar ou sorte. Levo a sério cada lágrima e ainda assim esses sorrisos que me roubam algumas pessoas que permito darem graças ao cotidiano, sabem elas que até rio de mim mesmo. Levo a sério o mundo todo e tenho dele uma parte que me cabe confortavelmente onde não estou ainda. Estarei, sabe-se lá quando. Estarei para mim todo o tempo necessário para ires e vires, tanto faz se confortáveis ou não; situações fazem até mudar a direção de muitas vias minhas. Entretanto gosto mesmo do que balança, sacoleja tudo, estremece e eu sinto tudo sem duvidar se é verdade. Sim, porque a sensação de reviravoltas estremecidas não deixa por duvidar. Sentir é mais que tudo, para que argumentos?
Na verdade, sou um homem simples de anseios sofisticados. Argumentos ficam apenas nos meus sonhos. A realidade mostra que, nem maldito nem bendito, sou apenas este que comunga da pragmática cada vez mais comum para quem viu algumas teorias ruírem. Procuro corroborar só para sentir um pouco mais o sabor - pode ainda agridoce ser - da certeza. Não há degustação melhor!
Cultivo bons modos entre meus semelhantes: regras da casa, eu respeito. Se for a dos outros - sempre foi, nunca tive uma todinha só para mim - é uma honra poder entrar e sair de cabeça erguida. Não por orgulho, mas por saber que lá estive e que, certamente, ao convite a voltar, serei bem-vindo. Boas-vindas nunca vão me esconder em porões. Por sinal, sala de visitas pode ser até o quintal, um jardim ou um cantinho no coração que bem-me-quer. Coleciono relações, gosto de pessoas. Das quais não gosto, exercito ao máximo a indiferença. Por que elas vão me incomodar por muito tempo se não preciso cultivar desgosto até minha melhor idade? Chegarei ali? Bem, estou aberto sempre a convites. Aonde quer que eu vá, saberei que sou o mesmo homem disposto a melhorar, a incrementar algo mais... sobre excessos, vou eliminando aos poucos, como um corpo excreta para desintoxicar. Apenas o útil, o necessário e um pouquinho de paciência; eu estou no caminho.
Pode parecer um pouco confuso, mas aprendi com uma leitura que é melhor ser exato e prateado. Ouro em meio à inexatidão é mesmo como dois passarinhos voando. Tenho aqui o meu à mão, não em cativeiro. Seu canto sempre entoa para que eu acorde e esteja pronto para cantarmos juntos, cada qual no seu tom. Todo dia, uma canção; posso, se gostar repetir a mesma em alguns dias interruptos. Hoje, um dia a mais; poderia escrever sobre um dia a menos, mas é a mais, sempre será, porque contagem crescente foi tudo que me fez adulto e vivo. Estou reabilitado; já não acho. A certeza, como disse, é a melhor coisa. Todas as outras dúvidas, a gente inventa, para crer em algo sem nada concreto, voltaria à época de teorias e muitas delas falharam.. Há quem goste, não é problema meu. Tão bom viver aproveitando apenas o contexto... Pois é claro! O corpo excreta o que não serve, ainda que precise forçá-lo a isso.
PS: Impossível não me lembrar do meu último texto, totalmente o contrário desta ideia.
Desvio de rota, de rotina. Um beijo.
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