Desta manhã que um rio entrou no meu sonho com corpos boiando sem origem, sem nomes... sem entender, eu estava mergulhando diante do absurdo onírico. Uma estrela de Hollywood queria me seduzir com seus olhos tão lindos. Logo eu?! Não dei oportunidade. Havia uma mãe e um pai que também me seduziam com o olhar, e a filha me seduzia com uma conversa. Sonho louco. Acordei quando preteri, era uma chance que iria dar a um pó-porvir da constelação.Que insano! Despertei sozinho e revoltado porque só no mundo dos sonhos eu tenho visto a sedução que vem à minha maneira, talvez um jeito que me dou de fazer as regras e contar com elas para mim, mesmo quando meu corpo descansa. O dia não foi em vão, mas foi tão nada a ver com o sonho que me entregava à uma segunda-feira com uma agenda mínima e umas objeções.
Tudo bem, tinha que encarar a cardiologista e receber notícias - foram animadoras. Não destruíram meu coração, desta vez. "Está tudo normal com você e tem apenas dois inimigos..." nomeadamente soltou uma piada e me deu um atestado para colocar o corpo em mais movimento. A piada veio porque há muito tempo que não chamo médicos por "doutores" e seus nomes são iguais ao meu, relação de paciente, cliente, de qualquer coisa que quebre essa doutrina de sobreposições sociais. Ela sorriu e se despediu; disse que próximo ano faríamos uma nova avaliação cardiológica.
Mas a boa notícia era sobre a saúde física. Eu ainda tinha de enfrentar uns textos perturbadores, quando vi que a Embaixada da Alemanha em Brasília tinha sido contraposta ao publicar um vídeo explicando o nazismo, enquanto muito compatriotas meus negavam o Holocausto, acredita? Um vídeo que expunha o reconhecimento do nazismo e sua relação com a política de extrema direita, o qual aquele país em suas escolas educam os adolescentes a não reverenciar um dos episódios mais horrendos do mundo para que não se repita. E do Hemisfério Sul, América Latina, nestas terras que, pouco mais de quinhentos anos atrás foi invadida e nativos dizimados, ao passo que outros foram obrigados por ideologia de supremacia racial a vir como escravos outros povos, servir ao eurocentrismo e colonizar. Fizeram aqui um cemitério de gente, de cor diferente, de outra língua, outra cultura e também distintas formas de se organizarem como sociedade: o que deu origem ao que é o Brasil, essa grande miscigenação de povos. Impuseram, sim, sob armas e medo, a civilização da qual, tanto tempo depois, faço parte com miscigenação a dar-me nome de brasileiro e não identificar minha etnia num simplismo de (e entre) três povos predominantes. Sou apenas brasileiro e tenho consciência de que nasci de uma mistura histórica. Sou do mesmo país que tenta reparar atrocidades com leis diversas e contrapostas por muita gente, normalmente insatisfeita por não reconhecer erros (direcionados a todos os lados) mas que remédios constitucionais fazem parte do trâmite para reparar nossos equívocos judiciários.
Uma discussão que chega ao terceiro poder a fazer reparações e recorrermos por admitirmos que erros são passíveis de acontecer.
Volto à discussão mundial que reconhecida pelo próprio Estado protagonista de uma grande catástrofe humana implica em suas medidas de não favorecer nenhum pesamento ou atitude que remonte a desgraça de diminuir pessoas por suas convicções e costumes. Eu li comentários odiosos, negando e considerando fraude ou mesmo combatendo, ao passo que responsabilizam uma corrente contrária, para minimizar o que o conservadorismo e a a supremacia étnica alucinada, causa de perdas morais e vitais.
Eu só tinha uma resposta contextual para me opor a essa evocação de ódio no ensejo de uma eleição presidencial em que faces do crime e do horror tentam acomunar com ideias retrógradas e novamente tentarem torturar e dizimar num século onde novas pautas precisam corrigir mais e mais os danos que ultrapassam o ódio, mas combinam com ele e reproduzem agressões a pessoas, a indivíduos e o ambiente que todos estão biologicamente adaptados, nunca finalizado como evoluções. Temas como sustentabilidade, direitos humanos, ambiente saudável, tecnologias a auxiliar desde o bem-estar de ecossistema a cura de mazelas com difíceis respostas e inalcançáveis até hoje: Aids, Alzheimer, outras doenças degenerativas, vírus que antes erradicados começam novamente a protagonizar mais tristezas às vítimas que perdem acesso por questões econômicas e até as mesmas denegações irresponsáveis em nome de conspirações sem fundamento.
Encerro aqui posicionando-me, é claro, contra o terror destemido de um nome oportunista, como dizemos: aquele cujo nome não devemos pronunciar num contesto de Inteligência Artificial que turbinam algoritmos, fomento da propaganda que não precisamos para se matar mais, para se oprimir mais, para segregar mais minha terra que já carrega uma mácula de discurso do descobrimento que não passou de uma supremacia racial detentora de muita ganância e maldade. Quando ela se aperfeiçoa com mecanismos cruéis, como as atuais redes sociais, onde a democratização era para favorecer diálogos, mas incita ódio. Aliado a isso, a tradicional imprensa sempre conectada com a face alva da hegemonia doente e aliciadora e tantos golpes disfarçado de revolução. O avesso dos ponteiros, as horas que tentam voltar no sentido anti-horário, o relógio-bomba que mete medo e tensão. Há um nome protagonizando este espírito na trajetória do tempo, que chega ao século 21, olhando e minimizando crueldade, Para isso, ainda temos opção, em que expresso na minha liberdade sem ódio e dizer apenas: ELE, NÃO.
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