
Hoje, uma gargalhada gratuita.
Não vou cobrar o estrago que me causaste.
Não sou de pedir esmola a pobre pessoa.
Não vou mendigar a impossível coisa boa.
Olha quanta riqueza concreta desta janela:
O amanhecer minutos depois que viste o sol!
Por onde olhas, neste rumo, covardemente?
Não me interessa nenhum pouco do teu sereno.
Quantas linhas pretas desperdicei nesta vida
A descrever futuros imprevisíveis diante de tua amplitude:
Limitava cada centímetro que pudeste ousar
Eu abrangia a semântica entre tuas vírgulas ausentes.
Minha mãe me viu chorar pela única pessoa
Que ela soube nome e sobrenome
Ela não se importa com assinatura que levas em teus documentos.
Eu não me preocupo mais com o teu silêncio.
É outra...
Outra forma de ver o céu daqui debaixo
Onde já cantadas leis distintas
Não me resumem a Zé Ninguém.
Apenas o peito que abriga o mundo de marcas
E feridas cicatrizadas que eu mesmo fui buscar anti-inflamatórios.
Linhas brancas, estas novas sementes de nenhuma teoria.
O mesmo repeteco de uva passa, passatempo e tudo passa.
Eu só não fui covarde como me foste um dia..
E quem diria?
Eu descubro sozinho todo chão não mapeado que estou pisando.
É mania!Eu poderia cantar Trocando Miúdos,Mas não dá para equiparar nada tão singular que foi.Só que de novo a gente só conhece uma vezE se torna antigo, peça de coleção para quem queiraOu doação à museu de peças raras ou usina de reciclagem:Sabe-se lá!Há coisa maior no mundo para perder o sono,Para contar gotas de rivotril e acalmar mentiras.Há pessoas e pessoas circulando na Glicério esta hora da manhã..Bater um papo sobre o tempo na padaria da esquina.Porém, esquinas não são lugares apreciáveis para o amanhecer.O que eu faço com a lembrança:Embrulho e lhe dou laço de fita, demarcando vaidadeOu queimo e dou aos viciados em crack daquele viaduto?Ai, eu nem sei mais o que fazer com nada que ficou de ti.Dá preguiça achar o que fazer e melhor vomitar aqui,Em linhas brancas, não indiferentes, mas sem muito significado.Eu perco apenas alguns minutos torcendo os últimos pingosDe uma história ousada, maculada, testemunhadaPor Lucianas, Sônias, Paulos, santos e paus ocos.Não há mais nada o que extrair desse pano sujo de nanquim.Será melhor escrever por propriedade sem arrepedimento,Sentindo-me limpo, alvo, mais branco que alvejante ajuda a comporTalvez eu escreva mais duas linhas,Ou simplemente acabe uma linha sem dizer por que.Não tenho mais nada a dizer senão algo novo.Aí, serão outras linhas.Novas linhas que desperdiçariaRecentes panoramas, coisas caras, valoresCá entre todos nós:Coisas de dividir com amigosO que nem conseguiste fincar.Enfim... outra linha.Imagem capturada de https://www.naturaljoias.com.br/images/fios_cordes_e_correntes/linhas_para_pedras_e_prolas/linha%20forte%20branca.jpg