Fazia nove anos que ela não pisava na terra de seus sonhos, desde que deixou o Estado de São Paulo e deu novo rumo à sua vida na Bahia.
Quase uma década passou, e lá estava ela, novamente, em solo que ela deposita seus sonhos. Desta vez, a jovem senhora trazia seus três filhos, de olhos arregalados da genética e favorecimento da surpresa, para um recomeço e perspectiva melhores.
Sozinha, mas acompanhada do tríplice futuro de baixas estaturas, ela não sonhava tão alto além da Serra de Itapecirica, para conhecer a central de distribuição da empresa de grande porte para qual ela revende cosméticos, a fim fomentar o quimérico e não tão incomum destino de sobrevivência de uma mãe e sua cria.
A quem é cabível o sonho? São milhões iguais a ela a crer na promessa embutida no histórico status de território acolhedor dos migrantes que esperam um pouco mais da vida além daquilo que se tem. Ninguém iria eliminar seu intuito nem importunar seu objetivo. Entretanto, seus olhos marejados pelo desespero, desnorteamento e medo me incomodavam, parecendo que ela não sabia onde ir exatamente. “Eu vou ficar este ano em São José do Rio Preto e no fim do ano venho para Campinas”, profetizava a serva cristã – perceptível pelos vocativos santos que entre vírgulas ela clamava, constantemente. O Senhor do Bonfim poderia abençoar a outra metade de sua vida para que seu fim possa ser, de fato, bom? Três bençãos já a acompanhavam aos trinta e um anos de idade, naquele momento, na Rodovia dos Bandeirantes. Dali por diante, só a rodoviária a poucos metros de vista e o outro trajeto que o Oeste testemunharia.
A jovem senhora de Itabuna, do corpo esguio e do desespero preocupante, talvez seja uma pauta para uma mente sem criatividade, há tempos desmotivada a redigir. Talvez ela seja tema de um poema porvir – que talvez nem inspire sequer um verso. De fato, ela foi uma tragédia para achar graça da minha vida.
Imagem capturada de http://www.mototour.com.br/vector/roteiros/mapas/mapa_707.jpg
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