A Natureza dá o curso da vida, e nós, espécie humana, somos parte dela. Fazendo a hora, sem esperar muito acontecer, podemos intervir no destino e direcioná-lo aonde quer que queiramos chegar. Muito tenho escutado sobre os relacionamentos. Isso vem de amigos, de pessoas recém-conhecidas, numa mesa de bar, numa conversa informal no meio do mercado ou em qualquer lugar sem devida importância para o assunto, porque as relações humanas são conexas e não definem lugar correlato. Em todos eles, há sempre o que conversar sobre diversos assuntos, mas o que é contante diz respeito à afetividade. Pessoas se incomodam e se queixam das casualidades, querem sempre algo substancial para não ficar como uma mera ironia do destino ou incidente sem significado para o todo. Reclamam da fugacidade dos atos e são parte desses. Na verdade, a maioria não consegue admitir que, sozinho(a), logra a completude.
Neste fim de semana, alguém se queixava, a mim, das decepções, de manter um contato por algumas horas, certo dia, e no próximo encontro, coincidente, sequer ritualizar um cumprimento. “Vira até a cara”, reclamava o interlocutor. E onde vão dar os laços construídos em instantes de prazer, que não se eternizam, mas entram, sendo assim, no curso da vida? Eu diria que ali vejo apenas um nó, dentre tantos, e não laço. Somos colecionadores de nós. Não de gente, senão nós de fio, fita ou objeto linear, como, de costume preguiçoso que fazemos da vida ,coletânea de linearidade.
Eu, mesmo, tenho nós desatados, nós entalados, nós perdidos, esquecidos ou desapercebidos. Sobrepondo o eu, egocêntrico, egoísta, ou à parte de uma construção coletiva, somos responsáveis pelas sequências de nós que, colecionadas, incumbem-nos na função de colecionadores, curadores e divulgadores do nó cego de cada dia.
Há sempre uma desculpa para que queiramos afastar de nós a responsabilidade de desatar nós ou incinerá-los e construirmos laços mais firmes, reais, em vez de ficarmos nos queixando da solidão, da falta de companhia para qualquer momento, dos negligentes minutos onde sequer temos um olhar ou um ouvido atento, a fim de acompanhar um suspiro, um sussurro ou um grito. Escuto as mais variadas desculpas neste curso que transito, “enquanto não resolver questões profissionais, não há como pensar em ter com alguém”, “quem eu quero não me quer, quem me quer não desejo”, “minha vida deu uma guinada (...) aconteceram tantas coisas”, para dizer que não há vaga para mais um no carrinho da montanha russa emocional. E no fim das contas, ele(a) está só. Sobrepõe questões, que poderiam se desenvolver concomitantemente, sob a desculpa de que depois de resolvidas é chegado o momento para o olhar intencional ao outro.
Enquanto este momento não chega, é a hora da diversão, do conhecer pouco a pouco - nada mais é que outra desculpa para não estar sozinho e não se sentir responsável por aquilo que cativa. Então lembro duma canção de Chico Buarque onde, como eu, não quero me retocar no salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas. Assim, diplomaticamente, tenho de escutar a mágoa, sob o discurso da queixa, da desculpa, da descrença no outro, da prioridade 'minha,' etc., confirmando que recalque de beleza e prazer é fungo brabo no couro cabeludo de muita gente.
Imagem capturada de http://ninguemle.org/tag/nos/
Neste fim de semana, alguém se queixava, a mim, das decepções, de manter um contato por algumas horas, certo dia, e no próximo encontro, coincidente, sequer ritualizar um cumprimento. “Vira até a cara”, reclamava o interlocutor. E onde vão dar os laços construídos em instantes de prazer, que não se eternizam, mas entram, sendo assim, no curso da vida? Eu diria que ali vejo apenas um nó, dentre tantos, e não laço. Somos colecionadores de nós. Não de gente, senão nós de fio, fita ou objeto linear, como, de costume preguiçoso que fazemos da vida ,coletânea de linearidade.
Eu, mesmo, tenho nós desatados, nós entalados, nós perdidos, esquecidos ou desapercebidos. Sobrepondo o eu, egocêntrico, egoísta, ou à parte de uma construção coletiva, somos responsáveis pelas sequências de nós que, colecionadas, incumbem-nos na função de colecionadores, curadores e divulgadores do nó cego de cada dia.
Há sempre uma desculpa para que queiramos afastar de nós a responsabilidade de desatar nós ou incinerá-los e construirmos laços mais firmes, reais, em vez de ficarmos nos queixando da solidão, da falta de companhia para qualquer momento, dos negligentes minutos onde sequer temos um olhar ou um ouvido atento, a fim de acompanhar um suspiro, um sussurro ou um grito. Escuto as mais variadas desculpas neste curso que transito, “enquanto não resolver questões profissionais, não há como pensar em ter com alguém”, “quem eu quero não me quer, quem me quer não desejo”, “minha vida deu uma guinada (...) aconteceram tantas coisas”, para dizer que não há vaga para mais um no carrinho da montanha russa emocional. E no fim das contas, ele(a) está só. Sobrepõe questões, que poderiam se desenvolver concomitantemente, sob a desculpa de que depois de resolvidas é chegado o momento para o olhar intencional ao outro.
Enquanto este momento não chega, é a hora da diversão, do conhecer pouco a pouco - nada mais é que outra desculpa para não estar sozinho e não se sentir responsável por aquilo que cativa. Então lembro duma canção de Chico Buarque onde, como eu, não quero me retocar no salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas. Assim, diplomaticamente, tenho de escutar a mágoa, sob o discurso da queixa, da desculpa, da descrença no outro, da prioridade 'minha,' etc., confirmando que recalque de beleza e prazer é fungo brabo no couro cabeludo de muita gente.
Imagem capturada de http://ninguemle.org/tag/nos/
Nenhum comentário:
Postar um comentário