21 de março de 2010

Falta

Esse vento que entra pela janela não traz a realidade;
Eu penso o quanto de misericórdia eu tenho de mim mesmo.
Eu não sei quanto de misericórdia eu preciso para mim.

A misericórdia não me trouxe a realidade que nunca chega:
A biografia que, há muito, quero ler;
A pessoa interessante que eu preciso me interessar;
Terminar o que comecei e começar o que nem sei.

Sair dos pontos sem privilégio que vou nos dias de tédio;
Como opção, tratar o que não necessita ser prioridade;
Priorizar o caminho ao encontro da formação crítica.
Eu penso o quanto de criticidade eu preciso abandonar
A respeito desses homens que é preciso ignorar.

Guardar firme no bolso o que não é troco e o que é;
Firmar compromisso com minha meta social;
Olhar de relance o que há de banal;
E derramar um pouco de leite num copo de café.

Esquecer os telefones constantes na lista de chamada;
Deixar o papo de misericórdia e dá, à vida, outra penitência;
Fechar a janela na ventania e ligar para o que importa;
Tornar mais cedo o começo do dia e, ao abrir a porta,
Sair em busca: as sobras de casa não suprem ausência.

Imagem capturada de Edgewater Technology Weblog

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