A professora falava de anjos, na sala de aula. Não de anjos como a tradição judaico-cristã nos ensinou. Esse anjo de quem ela falava era uma pessoa como qualquer outra, mas que dedicava um pouco de si para alguém. Ajuda física ou espiritual, não importa, mas era um pedaço de si doado ao próximo.
Recentemente, eu tive essa experiência, certamente, agora do lado de quem recebia a graça. Só em ver suas asas, eu já me sentia bem. Mais recente ainda, eu percebi que na verdade não era apenas uma visita angelical, mas sim um encontro, porque, à medida que eu recebia bençãos, eu sentia um vento que emanava de mim, embora eu não houvesse imediatamente sentido que era o movimento dessas minhas asas.
A iconografia é muito importante para evidenciar a beleza das coisas: apelo visual é forte quando se imagina o bom. No entanto, a essência verdadeira é a mensagem. Esta ligação profunda que, insistemente em nós, diz-nos a respeito de que há coisas maiores que tornam a favor de menores, por uma ideia fixa de compaixão e apreço voluntário divinos. A realidade é diferente, porque o mensageiro das boas novas e ajudante de boa vontade não é preciso descer, pois que ele pode andar em direção horizontal. Melhor ainda se você descobre que nem do alto, nem do lado, a mensagem pode vir de dentro.
Quantos anjos passaram por aqui! Quantos anjos deixaram sua mensagem! Quantos deles retornarão?
E na escassez de anjos, no período em que muita gente acredita na proximidade do fim dos tempos, na catástrofe... o silêncio faz calar os ruídos hedonistas para que se escute novamente o vento das próprias asas. E não terá, assim, um passo a frente, mas um voo aonde quer que se deseje chegar.
Imagem: "Angel", de Ron Mueck
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