Estou carente, estou cansado. Não tem um dia sequer que eu não me queixe da solidão, por mais leviana que seja. Sozinho, entre amigos novos, que eu me deparo com uma voz que susurra ao meu ouvido: "Pega leve, não assusta, tanto drama para pouca estrada!". E com eles posso dividir angústias, mas não vem a fidelidade de um abraço que o tempo passado é resultado mais eficaz do que o tempo passado no propriamente dito abraço. Eu sinto falta do abraço de quem me conhece há tempo, que sabe do meu saudosismo e a minha culpa por só querer reconhecer o bem: amigos, que lá deixei, sabem o que estou passando, até pela força motriz que me move, até encostar um peito no outro e fixá-los com quatro cúmplices braços.
Sempre há um nome em jogo, nome próprio, substantivo que a família decide impor; envolvo nomes porque os adoro. No entanto, no fim das contas, vejo que só o vocativo me sobra e, como quem nada tem, eu só chamo e não escuto resposta.
Mais a leste, eu poderia acreditar que, ademais do concreto, há o abstrato sentimento que com nome e sobrenome me responde quando os chamo. Como reclamante, sobretudo, só resposta não me satisfaz, daí eu indago: 'pergunte-me ou me conte algo que vá além da sua mania de querer que tudo seja divertido e falar de amenidades, porque eu quero ser provocado enquanto sou fotografado pelas suas retinas'. Então, eu polemizo e, de resto, já sei de cor e salteado o discurso da problematização. A minha alma pede resoluções que não vem de ninguém, mas interlocuções são seivas brutas que alimentam meus porquês de pensar e agir, com a deficiência (ninguém é perfeito) de crer no dueto.
São parcerias incômodas que atormentam o juízo, cobram serviço de babá ou habilidades múltiplas no campo da maturidade. Eu cresci um pouco, mas estudei o suficiente para algo mais técnico.
E o horário de verão? (anacoluto proposital)
Amanhã, parto para fugir, uns dias, desse horário desastroso, que faz o dia amanhecer mais tarde e a noite ficar com cara de mais curta. O pretexto da minha ida poderia ser 'A Fuga do Horário de Verão", mas nunca vai ser. Eu darei sempre voz à legitimidade e à transparência, sem necessidade de justificativa, mas prefiro: 'rumo ao Nordeste, para poder cantar "a leste, aqui é o mar!' (Só eu sei o que isso realmente significa, porque NÓS não precisamos economizar tanta energia)
Foto: Maceió-AL (por Christian Knepper/Embratur)
18 de outubro de 2010
17 de outubro de 2010
Rocha
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