2 de agosto de 2010

Ano novo

Preciso tirar férias da solidão. Ontem, dia primeiro de agosto, passou-se um ano em terras distantes do berço caetés. A quantidade de proponentes não fora surpreende: sazonalidade de emoção, breve e insignificante. Absurdamente, uma lista desclassificada, como atividade laboral das sensações, para avaliar mentiras, descartar rituais mal intencionados e elencar vários graus de semântica pomposa, mas jamais profunda - por ser tão superficial, como o suor da pele que precisa ser lavado no final de cada dia e não acumular excreções mal-vindas.
Há o que celebrar, entretanto, além da esfera do que passou a ser periférico aos meus olhos: este amor-simulacro que tanto se diz e nada convence. Há, por ora, rejeição do óbvio, porque não se esforçam em metáforas, pois que o conteúdo é sempre o mesmo e não penetra 1cm além da superfície da minha ilusão. Cansaço paulista e mil perdões...
Eu tenho um albúm de recordações e nenhum duodécimo de substância íntegra, presenteada.
Meu trabalho não é aquilo que planejei, mas é o que posso esperar de cegos e decaídos. Eu trabalho em equipe e finjo que a união faz a força, ainda que não deixe me derrubar - ela tenta todos os dias.
Eu tenho um diário sem espelhos para não refletir prantos. Existe apenas um lenço azul, que minha mãe não se esqueceu de pôr na bagagem, para que eu pudesse enxugar meu suor: transferi utilidade (o de tom pastel, reserva, limpou meus pincéis, nas aulas de abordagem e procedimentos plásticos).
Eu tenho um novo número telefônico, para quem quiser me achar por entre essas ondas celulares, para desviar mágoas e, quando quiser, evitar chamadas de consolo.
Apenas uma agenda, na memória, para anotar os antídotos, riscar os antigos e prescever um futuro, com certo dom de acreditar.

Imagem: UOL

Um comentário:

  1. Mal posso esperar pra comemorar meu primeiro ano longe daqui. Sem grandes expectativas - apenas enfatizando meu desejo de voar dessas bandas e ir pras daí

    ResponderExcluir