3 de abril de 2012

Um engenheiro enganado e uma sociedade perdida

Encontrei a solução: 
angariar recursos egoístas e contê-los na represa da solidão. Isso sim, para o melhor funcionamento do ano. 2012, um marco de nada, mas vale a pena qualquer esforço para se manter sozinho e inabalável. 
Ruiu, porque as vigas não eram forte suficientemente para sustentar a pressão da falta de cumplicidade. Então o primeiro olhar perdido me prendeu. Em meio aos escombros, eu me propus a estar de terreno limpo e novamente construir alguma coisa que pudesse não ter nome, mas abrigar uma perspectiva... Nas devidas proporções da miséria, da perda e da dor-desabrigar, você acaba aceitando até resquícios de histórias mal contadas que façam valer qualquer similaridade com o botão da sua camisa mais surrada. Não é pensamento otimista, não; só uma necessidade repentina, medida emergencial e se tem o alimento para dias intranquilos. 
A peste, a fome, o cálculo mal feito, tudo de ruim sempre dizimou populações e, com elas, sua história concreta.
Meu pedaço de chão ainda não estava limpo para reerguer outra situação que pudesse dar sequência à humanidade convalida a qual já chamei de múltiplos de mim. É uma sociedade muito centrada no eu, é meu egoísmo funcional para construir exatamente o modelo de habitação sustentável e organicamente progressista. Assim, meu progresso teria meu nome sempre em capa e contracapa, sob a orientação do ideal pacífico, ainda que soberbo, de se encontrar, protegido, e ser referência bibliográfica, com orgulho, para quem estiver se sentindo sozinho e sem saber em que se apoiar. 
Nas primeiras linhas, eram concomitante, tanto na escrita, quanto na construção daquela edificação pretensiosa, havia certeza de que agora eu acertava na medida correta, nas citações necessárias... Eu estava feliz com aquela combinação de engenharia e humanidade. Ruiu. antes de inaugurar o novo habitat. E novamente foi um olhar perdido, uma cumplicidade mal engendrada, desconexões de propósitos: entre o que olha e quem olha para o outro lado. 
O ser humano tem desses desligamentos, ainda que pareça que está tudo conectado e que se encaixe. Vamos pôr a culpa no parecer técnico do desmoronamento: ilusão! Quando inicial, ela não tem grandes proporções de acidente, mas o ser desabrigado permanece sem lar, sem lugar dentro de seu próprio espaço. É um tal de desencontro de tudo. As atividades corriqueiras parecem desencontradas, também. Não dá para cuidar de jardim, de matinho ou qualquer porcaria que ornamente seu truque de bem-estar e lar, se efetivamente, você se sente (e toda a população que o acompanha: seu medos, instintos, razões - sociais e introspectivas -, cada pedacinho de sua emoção) desabrigado. 
Mais uma vez a história perdeu pra imprudência dos impérios sustentados por um só querer. Eles sempre ruem, até mesmo antes de você dar nome e ciência a quem você elegeria para ceder a coroa.

Imagem capturada da web

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