Há manchas de sangue nas paredes do meu quarto. Escorrem sob 8 graus Celcius o sangue quente de um ser humano. Aliás, dois. Digo, um. Desde que fomos um. Há o nosso sangue a escorrer até o chão do quarto. Para que, no solo da minha existência de alguns meses, eu sinta esta pista de dança escorregadia quando te chamei para nosso último baile. Aqui dançamos, pois que latinos, o sangue efervescente deste amor que as paredes inóspitas testemunharam vida. Viver, meu amor, não é deixar essas marcas, pegadas feitas de sangue, nem essas manchas de sangue. Viver é ser sangue, é ser quente, é sentir este calor mesmo em condições que queiram dizer o contrário. Como um desafio, que cospe em nossa cara que nunca viveremos o amor. Não te importes - já não me importo - com a opinião dos que não vivem, que estão a discordar de mim, de ti, de todos. Somos discordantes, também, somos iguais na fervura do sangue, pelo amor. Ainda que continuem a dizer que não.
A partir de hoje, este quarto não é mais meu, e quem virá ocupar? Não tenho ideia. Mas que derramem sangue como, juntos, derramamos, aqui neste lugar.
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