Comigo estavam pai, mãe e minhas duas tias. Estávamos sentados lado a lado naquela fileira de cadeiras diante de uma cerimônia sóbria demais, demagógica demais, mas com um significado pessoal para cada uma das vidas que estava ali.
Meio desalentado, eu estava com sintomas da falta de expectativas que um sistema me presentou. O mercado que me empurrou de um lado para o outro; sacudiu em mim promessas e ao mesmo tempo migalhas condecorativas, eu cansei, poucos compreenderam, e eu apenas larguei as mãos que apertam com crueldade: bolsos, estômago e até sonhos. Elas estrangulam. Tinha um peso, uma medida; dois pesos e duas medidas; eu tinha o equilíbrio distante de onde eu nunca pude chegar.
Cheguei ali com a força de umas palavras, umas agonias, textos, livros, trabalho, crença e mais uma vez descrenças. Cheguei porque me vinham da boca pra fora um hálito reforçado de praxe, de boa educação ou de cumprimento de agenda. Vinham também do lugar mais verdadeiro que só bastou eu olhar para trás e perceber que eu não estava sozinho. À frente, na fileira de cadeiras verde-escuras, nem atrás com o sinal de força que recebia com um silencioso "presente" e um sorriso desfechado. Muitos dos meus. Os mais verdadeiros, talvez. E depois tive a certeza.
Obrigado.
Eu não estava feliz, eu estava só neutro. Acho que neutralidade foi uma das maneiras mais estúpida e corajosa que consegui sobrepor à luta que não acabou, mas após minha última derrota, tantas possibilidades ficaram turvas. Escurece o amor, depois do espaço que dei para que mentiras me descreditassem como amigo, como amante, como qualquer ser humano verdadeiro que pudesse exercer uma atitude responsiva e vice-versa.
Eu não acredito mais em vice-versa.
Contudo há coisas para acreditar. Essas são bem melhores, valiosas.
Quem sabe estou aqui para ser o primeiro a discorrer sobre o pódio, seja o melhor ou o pior índice. Onde quer que eu esteja, estarei verdadeiro. E posso olhar para trás e ver aquela pessoa maravilhosa que a vida me apresentou. Que depois que eu fiz um monte de coisas desagradáveis e é possível que nos desagrademos. E depois nos perdoamos porque sabemos que em nenhum momento deixamos de ser verdadeiros um ao outro. Aliás, da minha parte sei que sempre agi em sua direção com a verdade, mesmo que ela fosse má. E sei que a sua verdade foi tão dolorosa quanto importante para eu entender o espaço que se criou entre o que um ou outro acreditou ser e não era.
Estas palavras não falam de amor eros. Eros não convém. Teve seu tempo numa mitologia, no Lácio.
As palavras que eu gostaria de dirigir àquele ser humano que estava encostado na porta com um sorriso, porque dos poucos amigos que tenho foi o que me deu prestígio. É o que nunca mediu nenhum abuso meu para determinar que estou certo ou errado. É o que o tempo já se vai em alguns anos e eu um dia fiz questão de quebrar o silêncio de um ano para agradecer por estar em outro lugar e estar ali com a oportunidade que sempre sonhei e consegui, a contrapartida de hoje em dia.
É bom sabermos que protestamos pelas mesma causas, lutamos cada qual à sua maneira, combinamos um tempo desses, sei lá, uma tequila para ver como mexicanos veem também a morte e saber que tempo é significados.
Obrigado novamente.
Nunca um capricho ultrapassou nossa amizade. Não seria uma parede mofada, uma cadeira velha, onde eu sento e caio. Tampouco um quadro com pintura estragada, um restauro de Cecilia Gimenez... E quando você aprendeu a lidar com meu pessimismo espirituoso e a também não retaliar meu timing. E aprendi que, sob quaisquer circunstâncias, nossa amizade é um lugar muito bonito "and if you have a minute, why don't we go? Talk about it somewhere only we know."
Obrigado, por fim.
25 de setembro de 2018
18 de setembro de 2018
#EleNão
Desta manhã que um rio entrou no meu sonho com corpos boiando sem origem, sem nomes... sem entender, eu estava mergulhando diante do absurdo onírico. Uma estrela de Hollywood queria me seduzir com seus olhos tão lindos. Logo eu?! Não dei oportunidade. Havia uma mãe e um pai que também me seduziam com o olhar, e a filha me seduzia com uma conversa. Sonho louco. Acordei quando preteri, era uma chance que iria dar a um pó-porvir da constelação.Que insano! Despertei sozinho e revoltado porque só no mundo dos sonhos eu tenho visto a sedução que vem à minha maneira, talvez um jeito que me dou de fazer as regras e contar com elas para mim, mesmo quando meu corpo descansa. O dia não foi em vão, mas foi tão nada a ver com o sonho que me entregava à uma segunda-feira com uma agenda mínima e umas objeções.
Tudo bem, tinha que encarar a cardiologista e receber notícias - foram animadoras. Não destruíram meu coração, desta vez. "Está tudo normal com você e tem apenas dois inimigos..." nomeadamente soltou uma piada e me deu um atestado para colocar o corpo em mais movimento. A piada veio porque há muito tempo que não chamo médicos por "doutores" e seus nomes são iguais ao meu, relação de paciente, cliente, de qualquer coisa que quebre essa doutrina de sobreposições sociais. Ela sorriu e se despediu; disse que próximo ano faríamos uma nova avaliação cardiológica.
Mas a boa notícia era sobre a saúde física. Eu ainda tinha de enfrentar uns textos perturbadores, quando vi que a Embaixada da Alemanha em Brasília tinha sido contraposta ao publicar um vídeo explicando o nazismo, enquanto muito compatriotas meus negavam o Holocausto, acredita? Um vídeo que expunha o reconhecimento do nazismo e sua relação com a política de extrema direita, o qual aquele país em suas escolas educam os adolescentes a não reverenciar um dos episódios mais horrendos do mundo para que não se repita. E do Hemisfério Sul, América Latina, nestas terras que, pouco mais de quinhentos anos atrás foi invadida e nativos dizimados, ao passo que outros foram obrigados por ideologia de supremacia racial a vir como escravos outros povos, servir ao eurocentrismo e colonizar. Fizeram aqui um cemitério de gente, de cor diferente, de outra língua, outra cultura e também distintas formas de se organizarem como sociedade: o que deu origem ao que é o Brasil, essa grande miscigenação de povos. Impuseram, sim, sob armas e medo, a civilização da qual, tanto tempo depois, faço parte com miscigenação a dar-me nome de brasileiro e não identificar minha etnia num simplismo de (e entre) três povos predominantes. Sou apenas brasileiro e tenho consciência de que nasci de uma mistura histórica. Sou do mesmo país que tenta reparar atrocidades com leis diversas e contrapostas por muita gente, normalmente insatisfeita por não reconhecer erros (direcionados a todos os lados) mas que remédios constitucionais fazem parte do trâmite para reparar nossos equívocos judiciários.
Uma discussão que chega ao terceiro poder a fazer reparações e recorrermos por admitirmos que erros são passíveis de acontecer.
Volto à discussão mundial que reconhecida pelo próprio Estado protagonista de uma grande catástrofe humana implica em suas medidas de não favorecer nenhum pesamento ou atitude que remonte a desgraça de diminuir pessoas por suas convicções e costumes. Eu li comentários odiosos, negando e considerando fraude ou mesmo combatendo, ao passo que responsabilizam uma corrente contrária, para minimizar o que o conservadorismo e a a supremacia étnica alucinada, causa de perdas morais e vitais.
Eu só tinha uma resposta contextual para me opor a essa evocação de ódio no ensejo de uma eleição presidencial em que faces do crime e do horror tentam acomunar com ideias retrógradas e novamente tentarem torturar e dizimar num século onde novas pautas precisam corrigir mais e mais os danos que ultrapassam o ódio, mas combinam com ele e reproduzem agressões a pessoas, a indivíduos e o ambiente que todos estão biologicamente adaptados, nunca finalizado como evoluções. Temas como sustentabilidade, direitos humanos, ambiente saudável, tecnologias a auxiliar desde o bem-estar de ecossistema a cura de mazelas com difíceis respostas e inalcançáveis até hoje: Aids, Alzheimer, outras doenças degenerativas, vírus que antes erradicados começam novamente a protagonizar mais tristezas às vítimas que perdem acesso por questões econômicas e até as mesmas denegações irresponsáveis em nome de conspirações sem fundamento.
Encerro aqui posicionando-me, é claro, contra o terror destemido de um nome oportunista, como dizemos: aquele cujo nome não devemos pronunciar num contesto de Inteligência Artificial que turbinam algoritmos, fomento da propaganda que não precisamos para se matar mais, para se oprimir mais, para segregar mais minha terra que já carrega uma mácula de discurso do descobrimento que não passou de uma supremacia racial detentora de muita ganância e maldade. Quando ela se aperfeiçoa com mecanismos cruéis, como as atuais redes sociais, onde a democratização era para favorecer diálogos, mas incita ódio. Aliado a isso, a tradicional imprensa sempre conectada com a face alva da hegemonia doente e aliciadora e tantos golpes disfarçado de revolução. O avesso dos ponteiros, as horas que tentam voltar no sentido anti-horário, o relógio-bomba que mete medo e tensão. Há um nome protagonizando este espírito na trajetória do tempo, que chega ao século 21, olhando e minimizando crueldade, Para isso, ainda temos opção, em que expresso na minha liberdade sem ódio e dizer apenas: ELE, NÃO.
Tudo bem, tinha que encarar a cardiologista e receber notícias - foram animadoras. Não destruíram meu coração, desta vez. "Está tudo normal com você e tem apenas dois inimigos..." nomeadamente soltou uma piada e me deu um atestado para colocar o corpo em mais movimento. A piada veio porque há muito tempo que não chamo médicos por "doutores" e seus nomes são iguais ao meu, relação de paciente, cliente, de qualquer coisa que quebre essa doutrina de sobreposições sociais. Ela sorriu e se despediu; disse que próximo ano faríamos uma nova avaliação cardiológica.
Mas a boa notícia era sobre a saúde física. Eu ainda tinha de enfrentar uns textos perturbadores, quando vi que a Embaixada da Alemanha em Brasília tinha sido contraposta ao publicar um vídeo explicando o nazismo, enquanto muito compatriotas meus negavam o Holocausto, acredita? Um vídeo que expunha o reconhecimento do nazismo e sua relação com a política de extrema direita, o qual aquele país em suas escolas educam os adolescentes a não reverenciar um dos episódios mais horrendos do mundo para que não se repita. E do Hemisfério Sul, América Latina, nestas terras que, pouco mais de quinhentos anos atrás foi invadida e nativos dizimados, ao passo que outros foram obrigados por ideologia de supremacia racial a vir como escravos outros povos, servir ao eurocentrismo e colonizar. Fizeram aqui um cemitério de gente, de cor diferente, de outra língua, outra cultura e também distintas formas de se organizarem como sociedade: o que deu origem ao que é o Brasil, essa grande miscigenação de povos. Impuseram, sim, sob armas e medo, a civilização da qual, tanto tempo depois, faço parte com miscigenação a dar-me nome de brasileiro e não identificar minha etnia num simplismo de (e entre) três povos predominantes. Sou apenas brasileiro e tenho consciência de que nasci de uma mistura histórica. Sou do mesmo país que tenta reparar atrocidades com leis diversas e contrapostas por muita gente, normalmente insatisfeita por não reconhecer erros (direcionados a todos os lados) mas que remédios constitucionais fazem parte do trâmite para reparar nossos equívocos judiciários.
Uma discussão que chega ao terceiro poder a fazer reparações e recorrermos por admitirmos que erros são passíveis de acontecer.
Volto à discussão mundial que reconhecida pelo próprio Estado protagonista de uma grande catástrofe humana implica em suas medidas de não favorecer nenhum pesamento ou atitude que remonte a desgraça de diminuir pessoas por suas convicções e costumes. Eu li comentários odiosos, negando e considerando fraude ou mesmo combatendo, ao passo que responsabilizam uma corrente contrária, para minimizar o que o conservadorismo e a a supremacia étnica alucinada, causa de perdas morais e vitais.
Eu só tinha uma resposta contextual para me opor a essa evocação de ódio no ensejo de uma eleição presidencial em que faces do crime e do horror tentam acomunar com ideias retrógradas e novamente tentarem torturar e dizimar num século onde novas pautas precisam corrigir mais e mais os danos que ultrapassam o ódio, mas combinam com ele e reproduzem agressões a pessoas, a indivíduos e o ambiente que todos estão biologicamente adaptados, nunca finalizado como evoluções. Temas como sustentabilidade, direitos humanos, ambiente saudável, tecnologias a auxiliar desde o bem-estar de ecossistema a cura de mazelas com difíceis respostas e inalcançáveis até hoje: Aids, Alzheimer, outras doenças degenerativas, vírus que antes erradicados começam novamente a protagonizar mais tristezas às vítimas que perdem acesso por questões econômicas e até as mesmas denegações irresponsáveis em nome de conspirações sem fundamento.
Encerro aqui posicionando-me, é claro, contra o terror destemido de um nome oportunista, como dizemos: aquele cujo nome não devemos pronunciar num contesto de Inteligência Artificial que turbinam algoritmos, fomento da propaganda que não precisamos para se matar mais, para se oprimir mais, para segregar mais minha terra que já carrega uma mácula de discurso do descobrimento que não passou de uma supremacia racial detentora de muita ganância e maldade. Quando ela se aperfeiçoa com mecanismos cruéis, como as atuais redes sociais, onde a democratização era para favorecer diálogos, mas incita ódio. Aliado a isso, a tradicional imprensa sempre conectada com a face alva da hegemonia doente e aliciadora e tantos golpes disfarçado de revolução. O avesso dos ponteiros, as horas que tentam voltar no sentido anti-horário, o relógio-bomba que mete medo e tensão. Há um nome protagonizando este espírito na trajetória do tempo, que chega ao século 21, olhando e minimizando crueldade, Para isso, ainda temos opção, em que expresso na minha liberdade sem ódio e dizer apenas: ELE, NÃO.
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