20 de agosto de 2024

casa-mãe

Hoje minha mãe faz aniversário. Eu gostaria de estar perto dela no dia de hoje, sei que seria um grande presente de aniversário. Infelizmente não posso estar lá, já que são quase 2500 km de distância. Para somar essa tristeza de estar longe, há mais de um ano e sete meses que não a vejo pessoalmente. Seria um presente e tanto, mas impossível. tenho oito horas laborais para cumprir e uma sessão de psicoterapia para fazer em algumas horas. Talvez isso será o tema presente: minha ausência na vida da minha mãe e a ausência dela e de minha família nos meus dias. No entanto eu escolhi estar aqui.

Hoje, tenho um emprego na área que investir algun s anos de capacitação e um casamento, não oficial para título de registro legal, mas estou vivendo com a pessoa que escolhi e que me escolheu para somar diante de tantas perdas e distâncias que a vida no Sul do Brasil me fizeram optar. Estou ao lado da pessoa que tem sido meu único ente querido, que não é sangue, mas é família,. A família que escolhi e opção única dos laços que apertam a o incômodo de grandes ausências. 

Eu deveria estar grato por ter um casamento estável, o relacionamento mais verdadeiro e longevo que pude viver. Afinal, são mais de três anos de convivências e partilha, e minha mão nunca está sem um toque quando todas as ausências vividas me fazem tocar o nada quando eu tenho tudo que tanta gente gostaria de ter: um lar, uma carreira profissional, um amor equidistante, tão pertinho e tão presente. 

Acho que eu não estarei nunca satisfeito pelos meus feitos pessoais, por conta de um gosto amargo e um sopro vazio que os ventos que cá esfriam relações e outras ausências movimentam ondas de baixa estima, gigantescas, que afogam e encobrem com águas imaginárias, pois também cá me falta o mar. E quando o tinha a minutos da residência reclamava do desespero que eu vivia em ter em falta as coisas que cá tenho e lá não havia. A tristeza muda de lado, endereço e nomes sempre farão falta em qualquer direção aonde esteja eu indo. 

O dia da minha mãe me fez recordar que viva ela está e é possível que ainda tenha em breve seu abraço. Significará muito porque agora, eu que tanto gotava de falar, e conversar, nos últimos tempo tenho preferido o silêncio. A minha voz se calou para minha mãe com a frequência que costumava, ao menos, telefonar. Conversa de qualquer coisa, trivialidade, porque o que importava era a constância do ato e não a substância da prosa, com a densidade merecida. O peso da minha cosciência, que nunca esteve tranquila. 

Acho que o melhor presente para ela no dia de hoje é que eu possa ligar, e que ela me escute falar coisas bonitas, porque, ademais do silêncio que eu optei fazer nesses últimos meses, quando preciso falar são todas as outras diversas queixas, que devem vibrar de forma contrária ao caminho da positivade - espero não ter descarregado tanta negatividade aos seus ouvido. Embora, para mãe, qualquer assunto é uma novidade, mesmo que sejam queixas corriqueiras, porque talvez às mães importa dar os ouvidos, o coração, o sangue e até a vida se precisarem para um filho que se sinta morto ou que a vida não tenha sido igual, à idade madura, aos planos de quando criança compartilhar os quereres a longo prazo. 

Se mãe fosse uma coisa, seria casa. Porque mãe é sempre a sensação de estar dentro de um lar com todo o significado que tem essa palavra, e seu sinônimomais perfeito: casa-lar. Como seria bom estar em casa. 

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