10 de julho de 2009

O Afogamento

Derrubei um botijão de 20l de água mineral no chão. Houve uma rachadura, a água escorreu por toda a cozinha e o impacto fez respingar algumas gotas na bermuda preta com detalhes em verde e branco.

Foi a primeira vez que tal acidente me acontecia. Eu fiquei em pânico pela pouca água potável no planeta, pelo susto e por três contos de reais irem por água a baixo...

Lá estava eu, a enxugar o molhadeiro na cozinha; e a água se misturava com o pelo do gato que voa involutariamente, com pedacinho de macarrão instantâneo que a minha irmã comeu no almoço. Ficou uma meleira. E eu, a enxugar e limpar 20l desperdiçados num acidente caseiro.

Ai, que sede de vergonha!

Água potável, que absorvida pelo pano de chão e a sujeira dele, tornava-se alimento de esgoto.

Tanta água e um banho a meio-corpo me fez lembrar O Afogamento (La Noyée) de Yann Tiersen para Amelie Poulain. Recordando também o dia 4 de janeiro - uma mensagem pessoal no MSN, onde alguém me lembraria após dias. Lembrei-me também do fôlego preso na Semana Santa com grandes amigos em Barreiras do Coruripe, em um braço de rio, testemunha de tantos risos e fofocas. Então, depois de arrumar toda a bagunça molhada, secar incidente da tarde - a coisa mais excitante do dia - uma pausa para ouvir violino, acordeão, melodia para cinema que marcou minha audição, com harmonia.

E por incrível que pareça, sinto-me feliz e molhadinho para que o pó das lindas experiências possam aderir ao meu corpo e me fazer pensar no dia que ainda não sei a diferença que fará.

Por enquanto o vento vai secando, a água vai molhando... coisa bem normal! O pó é apenas prognóstico e realização.

Minha avó está na sala, nem sabe quantas águas vão rolar.


Ouça: La Noyée (de Yann Tiersen)

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