20 de agosto de 2010

Sobre a flor na boa hora

Eu poderia escolher uma homenagem personalizada e enviar diretamente ao destinatário do meu texto, deste momento. No entanto, aqui na minha casa, não poderia excluir - sem limitar exceções - a mais nobre das visitantes e incentivadoras do meu intento literário: minha amada mãe, de quem eu herdei o gosto pela redação.
Hoje, no dia de seu aniversário, pela sua simplicidade e nobreza concomitantes, eu erraria em dizer que é uma homenagem, mesmo que adjetivasse singelamente meu propósito, porém não cairia num abismo onde o simplório cava para se esconder dos holofotes sociais, negligenciando o alicerce de nossa casa.
Se há alguém para quem eu deva vida, em terra, esta pessoa seria D. Sônia, então ela merece a proeza do meu esforço, ainda que com os olhos e outros sentidos cansados da dinâmica semanal, em final de expediente de pálpebras e olho nu.
Este é o segundo ano em que eu não posso dar-lhe grandes abraço e beijo, comemorando consigo a data em que tantos de nós reservam um tempo para saudar, com alegria, o dom da vida e contabilizar mais um ano de existência.
Lembro-me do meu poema, ainda na adolescência, que escrevi, evocando seu nome, com rimas pobres, mas a riqueza estava na minha intenção. Infelizmente, as palavras não estão aqui, comigo, para eu reproduzir no meu intuito de agrado.
Quão são memoráveis todas as ocasiões em que eu posso lembrar de seu sorriso envergonhado, reclamações que lhe são peculiares e o mesmo pensamento, parecendo um disco riscado, sobre o melhor presente que lhe seria agradável!
Ah, minha mãe possui uma inteligência floral, dessa que desabrocha com o tempo e incrivelmente sensibiliza pela sua imagem colorida e seu odor materno de proteção, onde vejo que um jardim não seria tão bonito se aquela flor faltasse em um de seus canteiros. E eu me desculpo pelo cansaço que me impede de buscar a melhor metáfora, a fim de remeter à tamanha beleza, que as fotos, que os sons, que o abraço e o beijo, os quais impedidos, hoje, estão, mas que o palpite da minha memória sempre acertará e combinará com o amor ovacionado, em múltiplas formas de dizê-lo.
E no mais, a boa hora é sempre a que precisamos um do outro e podemos encontrar a maneira mais fiel de fazermo-nos presentes, do lado de dentro.

Imagem: divulgação

2 comentários:

  1. Merecidissima homenagem à sua genitora...
    Parabens pra ela..sobretudo pela sensibilidade do filho, acertadamente absorvida em sua educação :)

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  2. Isso foi lindo!
    Parabéns à sua mãe: pela data e pelo filho que colocou no mundo!

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