11 de janeiro de 2011

Reduzindo para caber o mundo todo numa casa

Começa hoje um dos programas de maior audiência da televisão brasileira: Big Brother Brasil. Em sua décima primeira edição, o reality show é produzido pela Endemol e exibido pela Rede Globo, no país.
Ano passado, eu havia dito que o Brasil escolheu a ignorância, a brutalidade, o grotesco, a falta de educação e respeito, que reflete o que é sua gente; o que, infelizmente, somos nós. Este ano, provavelmente, não será diferente.
Sei que o programa de entretenimento exibido na TV aberta às noites, quando a maioria quer relaxar e esquecer o árduo dia em que suas mentes trabalharam muito a fim de alguma produção humana que lhe dê sustento nesta vida nada fácil, é intuito de descontração, no entanto ratifico que o mau gosto tem proliferado e arrebatado à divina decepção os mais tolerantes dos espectadores.
Quando digo tolerância, menciono o fruto desta liberdade conectada com amarras das produções televisivas, cheias de interesses mercadológicos e o bel prazer visual, proclamando, assim, a libido ditada, o ato bisbilhoteiro e o exercício do pleito vão. Sentimos que o poder de decisão está doado às nossas liberdades de sofá ou cama, diante de um aparelho televisor.
Somos de uma nação plural e nos limitamos a ser, involuntariamente, aquilo a que assistimos, como um grande projeto de fofoca plausível, sob este gostinho modista de promotores de uma ideologia veranista e acabamos nos identificando com personagens que carregam nossas bandeiras de obviedade - pelo menos não a minha. Então, entram no rol das conversas do almoço, do intervalo do trabalho e/ou das redes sociais as descartáveis declarações de amor a um ou a outro indivíduo que jamais conhecemos na vida, que em nada contribuiu para a evolução dos nossos sentimentos, e despejamos todo nosso afeto num ralo que representa muito bem quão perecível é nossa sensibilidade e que acolhe as celebridades mais toscas da história de um mundo não tão pequeno quanto pensamos. Quando pensamos, né?!

Imagem: http://globo.com/bbb

2 comentários:

  1. Eu estava bem mais empolgado com a estreia da minisserie baseada na obra de Chico Buarque! rs

    Não te falei aqui, mas foi um prazer, finalmente, conhecê-lo pessoalmente! E que 2011 siga otimo pra todos nós!

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  2. "...é intuito de descontração, no entanto ratifico que o mau gosto tem proliferado e arrebatado à divina decepção os mais tolerantes dos espectadores".

    Infelizmente não é intuito ainda escolher algo realmente moral, intelectual e emocional para relaxar a cabeça depois de um dia cheio.

    Abraço,
    Jair Gabardo.
    www.paraquefiquem.blogspot.com

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