16 de agosto de 2011

Mundo doente


Escutei um toque de recolher e pensei o quanto está tarde para muita coisa. Perigo das ruas, esquinas doentes e uma mania de certos loucos de se destruírem. É tarde, eu sei, mas logo é cedo para começar tudo igual, hora para tudo, tudo absolutamente no mesmo lugar - a não ser que você mude.
Toque de recolher do quinto dia não é mais um mistério, um susto ou uma ameaça para quem andava tranquilamente pelas ruas perigosas. É verdade. Existem milhões de focos de incêndio, outros chamam de vandalismo, alguns hipertensos controlando a vontade de comer aquele alimento salgado; e o diabético de olho no pudim daquela padaria sensacional?
O alérgico que espirra as dores do mundo, todo tempo para soprar para fora as bênçãos de todos os sacerdotes fracassados...
Eu sonhei com a boca cheia de sangue, escorrendo pelo queixo, descia mais pelo pescoço e isso foi tão mórbido que acordei com medo de morrer. Levantei e pouco tempo depois estava tomando banho, arrumando minhas coisas e a rotina tinha de ser encarada porque, apesar de tudo, a realidade não precisa daquela morbidez onírica. Era tanta gente se queixando de tanta coisa, era eu me queixando dos meus atormentadores oficiais do ofício de quem tenta educar para vida. Quando eu fui mal educado? Perdoe-me.
Lembrei-me dos profissionais que choram suas inseguranças do trabalho, dos meninos que apanham com lâmpadas, socos e pontapés, das meninas que precisam comprar leite e para isso disseminam arrogância de propaganda de seu próprio corpo, das mães do holocausto (dos filhos também), do meu pai dizendo que não queria ser aberto de novo, daquela moça bêbada que, para sempre, vai querer esquecer o último dia em que teve ressaca, mas eles (os dias de ressaca) se repetem.
Ademais, existe todo mundo respirando uma manhã, seja dormindo ou já acordado tão cedo. Além disse, existem os sonhos, os amores, o próximo fim de semana para programar ou mesmo a salvação do planeta na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Na verdade, eu sonhei e fiquei transtornado; na real, eu não sei quando tudo vai parar.

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