8 de outubro de 2012

O imperador está nu!


Fui buscar no conto de Hans Christian Andersen uma explicação que pudesse dizer do resultado das eleições municipais em Maceió. Em As novas roupas do Imperador encontrei a razão dessa cegueira que atingiu a população em nome da confabulada mentira que cristalizou a identidade de mudança da era Cícero Almeida, o prefeito forrozeiro, para Rui Palmeira, o vaidoso imperador.
Nossa cidade sempre recebe visitantes e seus gestores ultimamente têm se dedicado às questões turísticas com afinco, para manter a vaidade daquele império de belezas naturais (só isso). Maceió e seu imperador ocupa seu tempo se vestindo, em vez de cuidar dos seus súditos e frequentar reuniões com seus ministros, a fim de mudar uma cidade por completo, oferecendo à população uma vida melhor, mas o imperador estava preocupado com outras questões.

Na capital em que ele vivia, a vida era muito alegre; todos os dias chegavam multidões de forasteiros para visitá-la, e, entre eles, certa ocasião chegaram dois vigaristas. Fingiram-se de tecelões, dizendo-se capazes de tecer os tecidos mais maravilhosos do mundo.
Os vigaristas se acomodaram na cidade, trabalhariam incansavelmente na campanha política, tecendo os tecidos mais maravilhosos do mundo para que no dia 7 de outubro, o imperador pudesse mostrar aos seu povo suas magníficas roupas.
Para tanto o imperador tomou uma atitude determinante
Entregou a um dos tecelões uma grande quantia como adiantamento, a fim de que o dois pudessem começar imediatamente com esperado trabalho.
Os dois vigaristas prepararam os teares e fingiram entregar-se ao trabalho de tecer mas o certo é que no mesmo não havia nenhum fio nas lançadeiras. Antes de começar pediram uma certa quantidade da seda mais fina e fio de ouro da maior pureza e guardaram tudo em seus alforjes e depois começaram a trabalhar, isto é, fingindo fazê-lo, com os teares vazios.
Neste trabalho até a vitória, o desfile do imperador havia um porém que intimidava o legado que a cidade ficou: o descaso. E o resultado disso separava duas qualidades que fariam com que as possuísse não vissem as novas roupas, com seu  pomposo tecido, determinante.
E não somente as cores e os desenhos eram magníficos como também os trajes que se faziam com aqueles tecidos possuíam a qualidade especial de serem invisíveis para qualquer pessoa que não tivesse as qualidades necessárias para desempenhar suas funções e também que fossem muito tolas e presunçosas.
Havia um costume provinciano que ainda persistia na vida daquela população, o fato de cada um se preocupar com a vida íntima do outro, do vizinho ao parente. Importavam-se mais com as particularidades de cada um do que com a vida e a coisa pública, porque isso era até uma opção de entretenimento para uma cidade onde seu imperador não oferecia entretenimento mais rico do que a belíssima orla que a natureza já lhe tinha dado. No entanto, agora, com o advento das novas roupas, existia mais uma opção de lazer que viria no final daquele domingo, quando o imperador desfilaria a mostrar as qualidades daquela vestimenta.
Todos os habitantes da cidade conheciam as maravilhosas qualidades do tecido em questão, e todos, também, desejavam saber, por esse meio, se seu vizinho ou amigo era um tolo.
No dia 7 de outubro, os trajes ficariam prontos, aproximadamente às 17h, quando seria realizado o desfile do imperador. E a cidade só esperava o anúncio oficial daquela procissão, logo mais à noite.
O Imperador foi ocupar seu lugar no cortejo da procissão embaixo do luxuoso dossel e todos os que estavam nas ruas e nas janelas exclamaram:

- Como está bem vestido o Imperador! Que cauda magnífica! A roupa assenta nele como uma luva!

Ninguém queria dar a perceber que não podia ver coisa alguma, para não passar por tolo ou por incapaz. O caso é que nunca uma roupa do Imperador alcançara tanto sucesso.
Todos comemoravam as novas roupas do imperador, que desfilava na orla de Maceió, junto à população, festejando seu sucesso com as novas roupas, que sobretudo vestiriam a ideologia daquela cidade por mais quatro anos, no mínimo.

Mas uma criança, que rechaçada pela população que a julgava inocente, exclamou:


- Mas eu acho que ele não veste roupa alguma!

Ainda assim a criança persistiu por quatro anos com sua expressão máxima, que já era o prognóstico da vida do imperador.


- Não veste roupa alguma. Foi isso o que assegurou este menino.

E que este grito ecoe nos próximos dias, meses e anos, para que toda a cidade possa gritar um dia, todos juntos, ainda que o imperador ache que a procissão tenha de continuar. Porque na verdade, o grito da cidade precisa ser apenas um:

- O imperador está nu!

Foto: TudoNaHora.com

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