Há um tantinho assim de insalubridade no olhar que julga, eu sei. Danifica, às vezes, sem nenhuma cautela, sem a responsabilidade com a coordenação entre as palavras ditas - sejam claras como o som da fala, sejam pelo arco que se monta e dispara a flecha retínica. A gente fica com medo do olhar de reprovação; quando não se apavora apenas com uma cobrança advinda do bem ou do mal, digo, por bem-querer preocupado ou apenas pela necessidade de tirar de outro o que não se encontra em um: o si mesmo.
Vai se culpar por morte da bezerra, por tendências veganas, até querer lançar a fome. É muito estômago em vez de mente. É mentira maldita sobre nutrição em todas as suas belas formas. Muito querer tirar o doce, salgado, azedo, qualquer paladar da boca de uma criança ou idoso, ou mesmo de assalto a alguém que consiga se defender. Haja fome no mundo!
E nesses caminhos que passeiam por todo corpo e suas atividades, por último, vão querer levar a alma. Talvez ainda não acreditando na existência dela, coisas que não se tocam, o toque ser mais profundo por meios mais hediondos. O mundo está cheio de ladrões das coisas que se movem e daquelas que param no sentido de contemplar a paz. Desejando sempre dizimar qualquer resquício de uma existência, muitos nem se contentarão quando o repouso silencioso do lugar tranquilo que, por acaso, tenha uma pedra ou uma madeira com o seu nome, até ali vão querer subtrair. Sirva isso para o fogo fazer numa noite fria ou vender no mercado opressor. A gente também lida com pedras e algumas valem mais do que o teto inteiro de tantos que só ficaram com descartáveis papelões.
Quando isso culminar no acúmulo de pedaços de coisas de tantas outras subtrações, a soma de todo o patrimônio talvez cause desconfiança, mas provavelmente pela proporção e a experiência em crimes perfeitos, só restará passar adiante porque o caminho de toda a gente é o mesmo, sem luz, sem túnel, onde acabam todas as coisas. E, portanto, as tentativas de caminhos à brevidade desta situação farão dos atentos a esse movimento um energia molecular, talvez dispondo de uma terceira lei para justificar todas as direções de forças. Quem sabe, assim, se reconheça o estágio que passou pela inércia, ultrapassou o princípio de superposição. E como uma instância terminal, quando não cabem mais seus recursos, impossível tentar unir o que já esteja em sentidos opostos.
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