3 de setembro de 2010

Folk setembro

Não é porque passam três viaturas da polícia em frente à minha casa que começo a pensar em desgraça. No entanto, a tragédia está presente de segunda à sexta-feira e eu só reparo no balanço no fim de semana. A semana não é uma tragédia para quem espera a família que aterriza, no sábado, enquanto estarei sentado numa carteira escolar, estudando a primazia das Artes Visuais. Não se tem, mesmo tempo para tudo, tampouco para se perder, reparando nas tragédias, sem a mínima possibilidade de solução para ela.
Cinco dias de ansiedade, enquanto os fatos ocorriam de maneira aleatória: um sorriso de agradecimento, um puxão de orelha, umas palavras de discórdia, um verdadeiro 'bom dia' e sucessivos horrores calorentos e temperatura de ar condicionado aos 18 graus celsius. É força que nunca seca, paliativa, para aliviar esse suor que escorreu - não foi em vão -, mas sem reconhecimento a curto prazo. Quanto tempo a mais preciso sorrir depois de vinte e tantos anos?
Em cinco dias, fui violento, esnobe, sarcástico, temeroso porque quiseram me assaltar. O que mais querem de mim levar? Não vou comprar briga, porque poupar, enfiar o pouco que se tem no bolso para depois tirar da cartola será oportuno, como matar dois coelhos numa só cajadada, ainda que a morte não seja necessária em face ao deslumbre da vida. Eu recomeço, termino, pinto para dar uma repaginada, em nome da vida, porque ela é preciosa. Quem não tem seus problemas muitos? E pouco mililitro que possa transbordar é desperdício para quem está com sede.
Aí, eu poderia pensar na Etiópia, no Sertão alagoano, na fadinha do tule branco - fantasia morta que não alimenta quem passou da primeira década de vida -, do olhar torto, do policial, cumprindo sua missão, impondo violência para coagi-la... Está tudo errado? Não; apenas muita coisa está errada. Essa quantidade calamitosa pode tirar o sono, entre os bocejos próximos à meia-note: o que menos quereria. Bem-quista semana que só acaba, amanhã. Defino seu fim, hoje, ousando alterar calendário de status quo, para fazer valer um bom começo: mãe e irmã bem-vindas a meu universo campineiro, para nascer a semana que desejo para o resto dos meus dias!

Imagem: Caputurada do portal Comvest/Unicamp

Um comentário:

  1. Macei[o, acredite, est[a trocentas vezes pior da que você conhecia quando a deixou, hoje...

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