23 de fevereiro de 2013

O réu imperfeito: dizente.

Cara Perfeição,

Faz algumas décadas que a procuro e não encontro. Vejo que muitos dos meus amigos andam comentando sobre sua estada com eles, e me sinto enciumado de não a ter tão próxima quanto eles. Aliás, acho até que são comentários absurdos sobre sua aparição, mas desconsidero, muitas vezes, por motivos meus, porque acredito que seja uma projeção banalizada de propriedade. No entanto, isso causa alguma tristeza por achar que a mim não leva a sério o reclame.
Assim, decidi escrever pretensamente esse sentimento de orfandade e entregar-me, por meio desta, para que, se não vier aqui, ao menos envie um de seus subterfúgios corriqueiros; porquanto me satisfizerem os desejos, estarei um pouco mais feliz.
Sei que não estou me humilhando em troca de seu olhar mais atento, pois tenho me esforçado, com a experiência de alguns anos, a espanar a poeira que sua antagonista insiste em deixar sobre meu cronológico empório de coisas vãs. Induze-me ao ato de proclamar uma liberdade alheia à sua companhia, caso não queira estar comigo um dia de vida sequer. Estou necessitado da independência ao seu abandono decisivo. Se for esse, em sua consciência, o máximo que alcançarei até o fim do meu calendário, permita-me então saber, de uma vez por todas, que seu sinal está longe, diante de suas observações, do meu aparato de captação em prol da nossa sintonia.
Ainda reitero que me esforcei pela conveniência de um dizer sem grande intimidade, visto que estou ciente que o seu canal dista de tudo o que alcancei até hoje. Portanto, desculpas, sinceramente, em contar de alguma maneira que lhe pareça pretensiosa.
Para finalizar, justifico esta necessidade, uma vez mais, porque a essa altura da pequenez humana, eu jamais ousaria engrandecer outro aspecto, devido às comprovadas evidências que tudo em mim foi falho. Desdigo, se necessário, representando qualquer grupo que me pertença, a soberba de garantir sua presença no semblante de um perfil o qual, indigente, relacione sua existência com a arrogância de não ser e querer aparentar.
Aqui, faço votos de sublime importância para estrada onde anda e que uma encruzilhada respeite sua passagem quando, da sua vontade, não for colidir.
Em trânsito, espero que não julgado,

Seu mais suplicante,

Réu.

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