30 de junho de 2009

Era Glacial Decadente


Não foi minha culpa. Restou-me acreditar que o aquecimento global derrete amores gélidos. Foi culpa do egoísmo, que torna perecível qualquer bilateral afetividade, a fim de trocar o carinho, a verdade e a entrega de si por qualquer outra pessoa ou qualquer coisa outra que não lembre nada mais nosso.

Uma geleira completa nascida num só órgão e que contaminou todo o organismo; menos mal que não seja transmissível.

Nesta frieza, senti-me apedrejado pelo tempo, senhor da razão. Razão que eu nunca quis. Senti uma outra overdose, mas dessa vez diferente: overdose de indiferença.
Brrrruuuu!

Novas palavras que não justificam silêncios contínuos. Obrigações retardadas do relógio que corre, marcando tardiamente a hora de partir para o abismo, a paulicéia cavada no desespero de encontrar qualquer saída ou uma entrada, portal do sol, a liquifazer meu intuito e teu orgulho e medo.

Assim, congelou aquele sonho, aquelas mensagens, aquelas sutis promessas e o diploma da nossa gradativa vontade de bem-querer e acalentar.

Não há mais espaço para votos de sucesso, para retrocesso de transpiração, para qualquer decolagem à procura de centelha de sentimento. Haverá um voo apenas e não-só, para dizer adeus e me sentir bem-vindo, suprimindo a parte que te coubera no meu mais lindo
iceberg.


Imagem: capturada de http://www.mochilaosemfronteiras.com/?p=145

Um comentário:

  1. Quando não há mais espaço para retrocessos partimos sem um pedaço do coração. E um bloco se desprende do iceberg causando fissuras.
    Lindo texto!

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