16 de dezembro de 2009

Babado: uma abordagem linguística da influência do audiovisual amador 'queer'


Desde que internautas puderam postar vídeos caseiros, arte, 'patifarias' ou qualquer movimento de imagens na internet, sites como o Youtube viraram febre para entretenimento cibernético. Todos os dias, anônimos se tornam celebridades virtuais por causa de algum comportamento divulgado na rede mundial de computadores.

Para o pernambucano Leandro Barros (27) que, frenquentemente, acessa os vídeos na internet, a busca está centrada em curiosidades. Tudo o que for novidade prende sua atenção e ele assiste para se manter informado e se divertir com a celebridade do momento, comenta o estudante.

Diversão é o que não falta na rede: vídeos cheios de gracejo e bom humor. Muitas dessas imagens são colocadas nos sites de upload de vídeos sem mesmo os protagonistas estarem cientes. Então, tudo se torna uma grande piada e cai no gosto popular. Somente depois do sucesso é que pessoas comuns descobrem que são celebridades virtuais.

O caso da travesti Vanessa é bem conhecido pelos internautas que veem videos na intenet. Após se envolver numa confusão e parar na delegacia, as imagens do programa policial, no qual ela foi entrevistada, foram postadas no site Youtube. Suas frases se tornaram hits de música eletrônica, ela se tornou uma diva entre os LGBTs - lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e trangêneros - e seus bordões, atualmente, são escutados desde boates à sala de universidade.

Os bordões da cultura LGBT estão em voga no linguajar dos brasileiros, seja à qual orientação sexual pertençam eles. Tudo por conta dos vídeos assistidos e divulgados boca a boca (ou seria link a link?). "Recomendo pra todo mundo: familiares, amigos a até pessoas do trabalho", diz o advogado paraibano A. G. (27), que incorporou aos seus diálogos muito do que vê na tela do computador. "O que eu assisto vira piada na minha linguagem e na dos meus amigos; a gente fica rindo, relembrando os vídeos", complementa Aldson.


Pioneirismo do bom humor na rede e suas influências


Tudo começou numa brincadeira, Las Bibas From Vizcaya - LBFV queriam divulgar o lançamento de um CD de música eletrônica, fazendo paródia na dublagem de cenas do sucesso da teledramaturgia da TV Globo, a novela Vale Tudo. Assim, criaram em seu canal do site Youtube a trilogia "Vale Tudo, Fia!" E foi um frenesi de acessos, pessoas reproduzindo as falas da polêmica Heleninha, interpretada por Renata Sorah, na versão original, e subvertida pelas personagens Dolores de Las Dores e Marisa TouchFine, que dão vida à dupla que utiliza bordões engraçados e nada ortodoxos.

Atualmente, um processo inverso ocorre na concepção dos personagens. Uma novela da Globo que motivou a criação da trilogia de LBFV, que criou bordões consagrados no linguajar brasileiro, que hoje parece ser forte evidência nos diálogos do personagem Cássio, da novela Caras e Bocas.

No entanto, a influência dos bordões, que surgiram nos guetos, não estão presentes apenas nas produções audiovisuais. Hoje, ela aparece em outras plataformas da cultura de massa. Um exemplo disso, é a personagem Denise, da Turma da Mônica (de Maurício de Souza), que preenche seus balõezinhos de HQ repletos de gírias do universo gay.

Recentemente, o vídeo 'babado' que está na boca (e redes socias) do povo é o da cantoria da jornalista Ione Machado [foto], com seu bordão "Tudo melhora aqui no shopping". Aparentemente embriagada, a jornalista toma o microfone da cantora do Shopping Cassino Atlântico, Zona Sul do Rio de Janeiro, e começa a cantar. Após isso, ela apresenta sua profissão e lança o bordão. Da forma que a produção amadora do audiovisual brasileiro está influenciando o comportamento da sociedade, logo teremos o bordão de Ione como slogan de algum shopping carioca.

Foto: reprodução do link do Youtube

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