21 de junho de 2010

Águas que ferem





"Em Alagoas 22 municípios foram atingidos mais fortemente pelas chuvas, resultando em cerca de 70 mil desalojados, mais de 40 mil casas destruídas, 22 mortos e cerca de mil pessoas desaparecidas."
Como nordestino, criado no seio de uma família tipicamente nordestina, sinto muito esta catástrofe: minha sensibilidade está maculada ao encarar e lidar com essas tristes notícias.
O Estado de Alagoas está sofrendo. Pernambuco também chora sua dor.
Sinto-me triste por saber que além da capital, que já foi atingida pelas consequências dessa chuvarada, o interior alagoano é - onde a pobreza é ainda mais latente - o ápice de uma grande tragédia.
Os sites de notícias alagoanos atualizam os números, causando sempre uma pontiaguda lástima em nosso âmago. Hoje, são dezenas de mortos, milhares de desaparecidos, incontáveis desabrigados e um Estado que jamais esteve preparado para as águas de junho. E o inverno está apenas começando: agoniza ainda mais.
Hoje à tarde, felicitei meu pai pelo seu aniversário. Não sei ao certo até que ponto a felicidade dele é independente para celebrar o dia 21 de junho, mas a minha não está na potência máxima, depois de ver imagens e ler os textos que contabilizam mais e mais metros cúbicos de dor e temor.
Não dá para ficar imparcial com essa genética com um quê de mourisca e as doses anuais de sensibilidade familiar, pois elas só me fazem sentir uma agonia estranha e compaixão pelos alagoanos que não veem a "estrela radiosa que refulge ao sorrir das manhãs."
Meu Estado decreta calamidade pública; o presidente o visitará e promete liberar recursos para tentar reconstruir o que foi devastado, sobretudo a autoestima do povo alagoano.
Dói ainda saber que é orçamento paliativo, remediar feridas abertas e lavadas com água de chuva forte; é muita pouca cânfora para alma de quem já chora nos meses que antecedem o doloroso inverno nordestino.
Sensibilizo-me e peço para quem ainda não pode ajudar com donativos, ao menos, divulguem a ideia da doação, em suas redes sociais, com seus instrumentos de solidariedade e trabalho, na esperança de que um dia nasça o sentimento e a atitude preventivos.
E que choremos apenas o que nossos corações e nossa força não puderem precaver!


Lista completa para doações: http://www.asfaltoliso.com.br/donativos/alagoas-e-pernambuco/

Imagens: Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas

Um comentário:

  1. Muito tristes esses acontecimentos. Mais triste ainda, é saber que não foi a primeira, nem será a última vez a acontecer algo do tipo. Aliás, catástrofes provenientes da combinação "fúria da natureza + incompetência/irresponsabilidade política" estão longe de serem casos isolados. Histórias que se repetem ano após ano... inclusive, aqui em Minas. Lamentável!

    Estou geograficamente distante, mas vou divulgar o link entre as pessoas da minha rede sim.

    Parabéns pela iniciativa!

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