O que o Brasil conhece como caipira, na minha terra natal é matuto. E ser matuto no dia de hoje é plausível: comemoramos o Dia de São João em grande estilo. Ô, saudades!
Há festas das capitá ao interior por todo Nordeste brasileiro, muita comida típica, cenografia e músicas regionais (abro parêntese para não esquecer de fazer minha crítica: forró estilizado não me agrada muito). Então, recordo-me mais de minha infância saudosa, onde eu me divertia com as fogueiras nas ruas (hoje, por uma questão ambiental e de bem-estar físico, não tolero tanto). Lembro-me de D. Eunice, minha avó, que vendia fogos de artifício à época e meu avô, Sr. Sebastião, que esquecia do caráter mercadológico e sempre nos ofertava - a mim, minha irmã e meus primos - a possibilidade de iluminar mais a noite junina.
Bons tempos de escola também não passam despercebidos na memória, quando minha mãe comprava trajes típicos e nos enfeitava, com direito a chapéu de palha e maquilagem de simulação dos pelos faciais.
É... agora esta barba não é alegoria. É um estilo; é minha posição de homem que jamais esqueceria velhos tempos no seio de uma família que podia comemorar datas especiais como a de hoje.
Este ano, além de minha saudade cortante, há uma dor dessas águas que ferem, apagando fogos de artifício; ventos fortes que sopram toda devastação de canto a canto, pelo Nordeste.
Já não sei como está a comemoração por lá. Ontem, na TV, eu vi que, aqui no interior paulista, alguns lugares realizam a festa religiosa, algo bem parecido com meu lugar: fogueira, decoração caipira, etc. Acho que enrijeci com a idade, não senti a mínima emoção à coisa. Talvez haja um distanciamento físico, etário, factual, inoportuno a dizer que, em mim, só ficaram boas lembranças e uma vontade tremenda de poder comer milho assado.
Imagem: reprodução de 'Bandeiras de São João', de Yara Tupynambá
(acrílico sobre tela 0,40 m x 0,40 m)
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