29 de setembro de 2010

Preferência



Eu prefiro que você me olhe assim:
Como uma Polaroid que resistiu ao tempo.
E não negue sua forma de ver.
E não se perca na escuridão à procura da luz perfeita.

Eu prefiro que você me diga sim,
Mas não estou disposto a negar o seu silêncio.
Jamais substituiria a voz que o destino calou,
Quando você se deu conta
De que não ouvi-la faz tremenda falta.


Eu prefiro seus versos simples e improvisados que,
Há anos, alegorizam as ideias migrantes de nossos anseios.

Eu prefiro que o Brás inteiro ouça seu click de imperfeita sorte
A ficar esperando a imagem perfeita,
Relutante ao azar, o qual tantos correm por medo.
Mesmo que sejam palavras em ruínas,
Não as trocaria por flash algum que nos enganasse de luz inexistente.

Eu prefiro sua amizade livre - a resistência à captura -
À moldura e fotografia do passado,
Que entre caixas ou páginas, perdida continua
E não deixa viver o que o tempo esqueceu de congelar:
Morrer é fração de segundos.


Imagem: Gil Rocha

3 comentários:

  1. Morrer é fração de segundos e viver também, por mais que, às vezes, as tardes pareçam intermináveis.

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  2. Desvaneios intimistas e profundos :)

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