25 de outubro de 2011

Legítima defesa

Existe o que se diz amigo, com aquela fantasia sorridente, de brindar com você a felicidade de quinze minutos nada eternos. A roupa que veste é a amizade, como um pano qualquer, uma mortalha de sinceridade alguma. Esquece dos acessórios. Há um pendente olhar sereno, na hora apropriada. Há um silêncio inapropriado, quando você precisa ouvir ainda que seja olhares. Esse amigo é um baile de carnaval, bem calculado no tempo, no espaço, apenas um brinde às festividades. 
Existe o que se diz amante, com aquele coraçãozinho de pelúcia, que junta poeira, quando some. Que ama incansavelmente por uma noite (podem ser duas ou concluir a semana). Parece que tudo é material - um grande indício de inverdade - presente para cada ocasião, ausência de amor pelo resto da vida.
Existe o que não se diz invejoso. Ele nega todos os atos. Ele é falso na subtração de todos os indícios de verdade. Parece que não se contenta com uma frase que você diz ou uma conquista maravilhosa que se reflete em caminhos que você já percorreu. 
Existe o pessimismo, o qual acha que apenas só vê esses personagens se enredando na vida. Existe o otimismo que trata, por assim dizer, de alvejar componentes da destruição. Existe o realismo atemporal, que percebe cada movimento no percurso, nota a chegada e a saída de cada um. Não há argumentos que tolerem fatos abusivos de alguém que vem para não ficar. Para subtrair, existe quem quer lograr êxito em cima de seu teto de vidro. E sai atacando seus medos, suas imperfeições e seu cansaço de palavras ruídas, que nunca foram suficientes para lhe trazer uma verdade maior do que concordância na torcida de um rival que perde do predileto. Na derrota, todos estão apenas admitindo que estão por perto: mais palavras vazias... 
Você vê e-mails encaminhados de uma amenidade divertida (olha o riso arrancado, um 'obrigado' fugidio é o bastante), um telefonema da ganância, dos olhos direcionados à mais valia (ó, crueldade!), um passeio que nunca é gratuito (ou você paga o lanche, ou você tem ouvidos e olhos atentos para o momento de receptor), por aí vai... 
Pessoas cansam, trabalho cansa, estudo cansa, mas vem a noite de descanso e você acorda, restabelecendo conexões com a fruição da vida: suas responsabilidades. 
Falso amigo, fajuto amante, inveja de conluio com a má sorte, você não deixa fruir, mas suas mãos são órgãos que filtram essas espiritualidades negativas e seus calos são protetores e identificadores de experiência. Basta lavar, tomar um banho de mar, reger de acordo com o bem, ou melhor, o melhor estar, que infelicidade é apenas, diante das demasiadas facetas, a face verdadeira do seu inimigo.


Imagem capturada em http://dollykay.co.uk/

Um comentário:

  1. O fato é que as minhas visitas a esta casa nunca são perda de tempo. Há sempre a garantia de uma boa leitura. Gosto da sua forma de olhar o mundo, as pessoas, as relações humanas...

    ResponderExcluir