30 de janeiro de 2018

Convida

Alguma justificação precede mentira
Ela, novamente, advinda da culpa,
Reafirmada com tantos porquês,
Para quê? - pergunto eu - se não te peço,
Se não creio em pecado, então não peco,
Mas me perco, cá, em um por cento,
Quase nada, nada ou até um terço.

Metade de mim, que já foi a fim,
Chegou ao fim, intranquilo, perdido de mim;
Metade de mim que se foi, ali;
Encontrado num despropositar,
E propositalmente, depois, recomeço
Encontrando um cuidado de outro "e se..."
Sobram de mim duas metades que já sei juntar .

Sou inteiro, verdadeiro, ainda que omisso,
De quando em vez, eu meço milimetricamente
Meu juízo de trinta e seis responsabilidades.
Logo neste janeiro que custa acabar
E fevereiro chegar: para ver outro mês?
Para vir outra vez, o completo de mim,
Para me ofertar a mim e a quem mais?

Neste mundo de uma cidade só,
Da minha cidade; do natal do ser que escreve
Em si as linhas para que leiam:
Avulso, interessado, interessante, determinado
Deus, diabo, coisinha confusa, sem-glória;
Ser diferente de mim e com sua história.
Amanhã nunca será tarde para ouvir e menos falar.

Ganhei grande presente esse dia, sei lá qual foi...
Mas só de ser presente, estar presente, já é muito mais,
Já é muito melhor que passado e culpa.
Futuro, já não sei se: janeiro, fevereiro, março...
Dia chega sempre para viver mais um.
Não quero nada mais que isso:
Após hoje, deito, e amanhã vem outro.
Eu já espero que outro venha. E vou convidar.

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