Neste domingo de páscoa, meu amigo amazonense me perguntava o que eu mais sinto falta lá de Alagoas. E só agora, eu vim esquematizar, deveras, a minha resposta...
Hoje é o dia que eu ultrapasso a centésima postagem aqui no blog. Eu pensei em responder a mim mesmo, ao meu amigo, a Alagoas e aos meus leitores, em face ao número simbólico que comemoro da minha escrita pública, descomprometida com quaisquer interesses comercial e/ou fundamentalista. Sim, ponho minha ideologia a pensar coletivamente e abro espaço à discussão; aqui é meu lugar de falar, ouvir e, por que não, trazer um pouco do meu cotidiano de pessoa comum aos caros leitores?
Passei a tarde vendo e compartilhando vídeos sobre a cultura alagoana com um manauara e um recifense, criado em Barcelona. Gente que esteve distante da minha realidade, mas que se interessa em ouvir e ver minhas saudades e pôde perceber o que existe de tão importante na minha identidade cultural, que eu necessito mostrar com orgulho: essas raízes do meu povo, que alimentam a minha leitura de mundo.
O óbvio é o começo da minha resposta: a minha família. Há algumas pessoas consaguíneas que transcendem a barreira da territorialidade e serão sempre lacuna, diante da ausência física, no entanto parecem que estão em todo lugar que vou.
Não poderia esquecer meus amigos, que posso considerar a família que eu escolho pela afinidade e amor em evolução. E por último, mas não porque está distante das duas primordiais citações, está a cultura alagoana. Ah, muito difícil viver sem poder respirar a maior riqueza que eu tenho no meu Estado.
Ao chegar em casa, continuei a ver vídeos de danças folclóricas alagoanas, escutar música da terrinha, como se eu pudesse trazer aqui para dentro da sala , em que estou, o ar metafórico da minha existência, a principal fonte de inspiração, que pelo chão, possa me fazer tomar o caminho de volta, assumindo o domínio público que me consome ao estado de graça e orgulho de ser de onde eu sou.
Então, vi um vídeo institucional do Governo do Estado, através da sua Secretaria de Turismo, lançado há pouco mais de um ano; uma peça audiovisual para promoção da 'Terra dos Marechais'. Como sempre, o fazer público capricha numa coisa em detrimento de outra, porque há neste poder maior interesse naquela mesma proporcionalidade de seu capricho. Como todo colírio da paisagem alagoana - fonte de prazer e consumo - eu ainda vou eleger os recursos humanos, como a maior riqueza, porque produzem, sempre, o contreúdo primaz para o nosso belo cenário de pano de fundo.
Sinto, em terras paulistas, falta da identidade cultural, de maneira genuína, com uno sotaque, com una criatividade, do povo de quem eu faço parte, que construiu, apesar de abandono, preconceito e desinteresse até mesmo de muitos dos nossos, este patrimônio intelectual que dinheiro algum pode comprar (ainda que se tente comercializar tanta coisa).
E mesmo com essa paixão estampada na alma, com retalhos de lembranças; ainda que, com toda esta raiz que não permite ser outro, pois que me prende, em pensamento... uma coisa eu acho engraçada, por aqui: muita gente me olha e diz que eu não tenho cara de alagoano...
Assim, conhecendo-me melhor do que à época que saí do chão materno, acho que há um ditado popular que confere veracidade à observação: "quem vê cara não vê coração".
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