4 de novembro de 2010

Religioso nominal

Há muito tempo não há um comitê de ideias. Elas estagnaram no momento que eu cedi espaço às preocupações em detrimento da minha bênção que, ao contrário do que se prega, não vem por cessão, senão por busca. É assim, um tal de 'Deus ajuda a quem cedo madruga'....
Outro agravante é a insistência do corpo insano - reflexo de um espírito perturbado - a usar a palavra de afeto quisto e a necessidade da minha antiga e usual atenção, que consumiu por quase um ano meus resquícios de tolerância. Eu não posso continuar a tratar os loucos enquanto me torno um, sem assepcia ou água benta (benditas sejam minhas mãos a curar minhas próprias feridas). Não vou abusar força superior alguma para mudar a situação que eu mesmo permiti. Somente eu fui responsável pelas pegadas no deserto à esquerda, quando passei pelo cruzamento da via lúcida com a alameda das inconsequências.
Assim, fui até às raízes da sinceridade e do apoio moral, beber o gosto da coragem. A covardia sempre perseguia, parecendo motim de ruína. Ora eu enxergava a dor, ora eu lembrava que o elixir estava diante do meu paladar ingestor de conta-gotas de felicidade. Encontrei a paz por uns dias e os abraços eloquentes de veracidade. Sabe aquela união que faz a força sair do enclausuramento e energizar o anseio de algo melhor? Estava presente em cada olhar direcionado à minha vida, associado à palavra humana entre um ou outro fôlego de respeito. Nesse turbilhão entre escombros, a viga da autossuficiência estava partida em pedaços pequenos de insalubridade: não mais cri que ela se re-ergueria. Sobre mim, ainda estavam a promiscuidade pretensa do corpo alheio a solicitar o que tenho de mais susceptível à putrefação, o orgulho pouco que culminou em desistir de buscar aquele que desdenhava desde a vez primeira e o laço rasgado pelo tempo e desgaste da separação. Ainda assim, eu não era uma vítima; não se publicava que um corpo foi encontrado; esquivei-me da contabilidade dos perecíveis, no entanto não me tornava um imortal (sonho irreal). Dentre essas coisas tantas que letalmente poderia hipotecar minha vitória, parando na mão de outrem ou entregando-me ao desespero - de tanto minha amada mãe alugar santos -, santificado seja qualquer nome que pudesse dizer para mim que não hei de estar sozinho. É gente demais a abandonar à escuridão da primeira sequela, que, assim, percebo que além dos iluminados sob o sol nordestino, na capital alagoana, a consquista da confiança e solicitude de um anfitrião vem em marcha-ré, numa charrete do século XVIII, com seus cavalos cansados e analfabetos do passo contrário ao ensinamento da direção certa. Não posso e, talvez, não por orgulho, não queira mais a existência das falsas promessas. Apenas não quero promessas, porque os resultados são cobrados a taxas exorbitantes de juros. Portanto, ao primeiro sinal da execução em níveis vitoriosos, a mão que emprestava se une à boca e aos olhos, elegendo sentidos para cobrança colossal.
Por descrença parcial nos homens, passei a rir das bestas; não gostaria de rir ante àqueles que se incomodam com qualquer indício de felicidade: vão lá e... Perderia mais ainda!
Voltei a louvar os segredos e meu calo mais dolorido: somente eu sei onde piso e onde estão escondidas as forças que eu deixei isolada desse circuito de falsidade, que já roubou de mim as mais belas cenas de otimismo, porque revelei alguns lugares da minha gratidão e vontade de viver.

Cansei de gente que chega para lamber, morder e deixar ardido. Entre mim e a minha paixão por todo o trajeto, agora, está meu advérbio imperador em matéria de dizer NÃO.

“...imediatamente cantou o galo. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.”
(Mateus, 26: 74, 75
).


Imagem: La Negación de San Pedro (Pasión de La Sagrada Familia), por Juan Pablo Valenzuela

2 comentários:

  1. "escreves absurdamente bem"

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  2. E acabou q nem nos vimos cá...
    Faz mal não...
    Não quero mesmo perder contato com quem sempre me brinda com ótima leitura virtual
    :)

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