26 de novembro de 2010

Desde ontem

Eu não falo tua língua.
Tuas línguas ensopadas,
Numa estrada infinda,
Que eu já não busco
Aos olhares cegos das campinas.

Mato, areia, águas...
Prata, ouro e tesouro perdido.
Imagina o tempo a capturar
Líquidos que escorrem leves,
Minérios que ornamentam outros,
Vegetais que não me vestem nem me escondem.
Tenho eu de esconder-me de um minerador?

Vê a marca no meu braço, desde ontem:
O teu silêncio e a minha resposta à deriva.
Da boa vista, só me resta o astigmático
Que me fiz ao nascer muito depois de uma festa junina.

Existe o homônimo traduzido
Do latim; expressões forenses aprendidas
Não me servem de nada
Nesta cidade esquecida, desde ontem.

Existem a natureza e a captura.
Existe a fuga de cada viagem, desde ontem.

Cada partida, um entusiasmo se alcança.
Lembra aquela estrada infinda?
Lembra aquela bobagem dita?
Recorda o mais alto alcançado!
Cada chegada é bem quista, desde ontem.

Imagem: May 2

Um comentário:

  1. cada chegada é bem quista e cada partida é desejada, desde ontem, desde sempre. O que fica são os amores, os amigos e os poemas em cada porto, mesmo que a cidade só tenha campinas.

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