Como eu já havia mencionado, fui um espectador tardio do cinema lynchiano. No entanto, não posso ficar me punindo por isso, agora, pois não adiantaria muito.
Ontem, terminei o curso promovido no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas, o qual foi ministrado pela Professora Doutora Márcia Martins Ramos, que, esforçadamente, manteve a proeza num desses eventos onde a deficiência de recursos vigora em detrimento da boa vontade e da qualificação dos recursos humanos, que podem fazer verdadeiros milagres.
Todas as quarta-feiras, desde o mês de outubro, pessoas de diversas áreas congregavam afinidades para um só interesse: A Contemporaneidade de David Lynch. Realmente, apaixonei-me pela arte pensada e dirigida por Lynch desde o contato com o primeiro filme que vi, e ontem, no desfecho do curso, sua mais recente obra - Império dos Sonhos (2006) - permitiu-me chegar à conclusão de que não sou mais aquele cinéfilo decadente e passivo por narrativas cheias de emoção e curiosidade.
Entender o cinema a partir de vários ângulos foi algo enriquecedor para meu conhecimento como amante de boas histórias. O que poderia ser ficção nada interessante, hoje faz ater-me à estética ou a outros elementos simbólicos visíveis na sétima arte.
Inland Empire (título original) é mesmo um exercício de alteridade. Possivelmente a instigação e a agonia sentidas não foram à toa: jamais tinha me sentido como observador do ficcional que trata da realidade e do delírio, separando-os por uma linha tênue, com possibilidades múltiplas. O advento experimental contrarou toda a minha vã filosofia, apreendida em anos com a bunda sobre a poltrona e olhos fixos, descoordenados com ouvidos atentos.
Sinto-me mais um desses apaixonados por pequenas coisas que devolvem o sentido que fora perdido nesta vida: conhecimento e bel prazer que se fundem feito liga preciosa, um tesouro que homem nenhum roubaria.
Imagem: capturada de cine-citta.net
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