2 de dezembro de 2010

Império dos Sonhos

Como eu já havia mencionado, fui um espectador tardio do cinema lynchiano. No entanto, não posso ficar me punindo por isso, agora, pois não adiantaria muito.
Ontem, terminei o curso promovido no Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas, o qual foi ministrado pela Professora Doutora Márcia Martins Ramos, que, esforçadamente, manteve a proeza num desses eventos onde a deficiência de recursos vigora em detrimento da boa vontade e da qualificação dos recursos humanos, que podem fazer verdadeiros milagres.
Todas as quarta-feiras, desde o mês de outubro, pessoas de diversas áreas congregavam afinidades para um só interesse: A Contemporaneidade de David Lynch. Realmente, apaixonei-me pela arte pensada e dirigida por Lynch desde o contato com o primeiro filme que vi, e ontem, no desfecho do curso, sua mais recente obra - Império dos Sonhos (2006) - permitiu-me chegar à conclusão de que não sou mais aquele cinéfilo decadente e passivo por narrativas cheias de emoção e curiosidade.
Entender o cinema a partir de vários ângulos foi algo enriquecedor para meu conhecimento como amante de boas histórias. O que poderia ser ficção nada interessante, hoje faz ater-me à estética ou a outros elementos simbólicos visíveis na sétima arte.
Inland Empire (título original) é mesmo um exercício de alteridade. Possivelmente a instigação e a agonia sentidas não foram à toa: jamais tinha me sentido como observador do ficcional que trata da realidade e do delírio, separando-os por uma linha tênue, com possibilidades múltiplas. O advento experimental contrarou toda a minha vã filosofia, apreendida em anos com a bunda sobre a poltrona e olhos fixos, descoordenados com ouvidos atentos.
Sinto-me mais um desses apaixonados por pequenas coisas que devolvem o sentido que fora perdido nesta vida: conhecimento e bel prazer que se fundem feito liga preciosa, um tesouro que homem nenhum roubaria.

Imagem: capturada de cine-citta.net

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