2 de junho de 2011

Impresso

Por mais estranho que eu me sinta, estou vivendo cada dia de uma vez, descartando coadjuvâncias, tentando priorizar o protagonismo baseado na obra-prima na minha estante de histórias compiladas. Aí estou eu, dedicado a focar a expectativa confortável que me traga resultados benéficos, com um pouco de urgência, claro, por analgesia, neste momento. Depois pretendo enxergar verdadeiramente o culpado de tudo, quando não houver mais dor com partícipe. Estou assumindo minhas responsabilidades antes de jogar nas mãos do próximo relato de um dos livros que minha estante sustenta. Eu ando evitando releituras, porque o projeto, por ora, é um novo capítulo. Já incorporei minha vocação literária há mais tempo do que o temporário e inédito livrinho digitado a quatro mãos. Nunca vou deixar de escrever, ainda que, e no entanto, não haja destinatário específico, porém as palavras me acompanham no olhar sobre negociatas do destino que nós mesmo escrevemos.
Insisto na retenção do meu luto e próximo capítulo, porque a espera pelo inesperado repercute toda vez que abro os olhos, deitado na cama, e vejo que outro dia começa. Portanto, são etapas intensivas - há de ser assim - para viver a indagação, a ausência, a raiva, o egoísmo, assim outros sentimentos gradativos de uma evolução que, para mim, fará melhor leitor de horizontes e, consequentemente, escritor das minhas outras boas histórias, como são quase todas que refletem no capítulo final.
E para quem sempre espera ansiosamente pelo final de um livro carrega em si a consciência do término. Não obstante, para quem tem o hábito de leitura, haverá sempre outro título a escolher. O escritor lida, por enquanto, com o espelho entre suas páginas mal escritas e descobre que, de fato, há um rascunho aqui. Agora, edita, joga papéis no lixo e se prepara para a definitiva impressão.

Imagem: Chema Madoz

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