1 de junho de 2011

Moídos externos

Quanto mais se insiste no inferno, mais quente a febre domina. Estado febril é incurável para quem está condenado a viver sob os costumes da tábua do mal. Sem percepção, um pouco de sacrifício não é redentor. A condenação não é castigo: sofrimento decorre daquela semente plantada no quintal e regada com sonhos banais, a doses imperfeitas de contaminação líquida, esvai-se fácil entre os dedos, mas deixa molhar partes mais baixas, como as baixarias que chegam em tons irônicos; a colheita é o único substantivo correspondente à verdade que vem na safra.
Certo dia não permiti que se minimizasse uma culpa, pareceu meu julgamento mais coerente depois de meses de alucinações apaixonadas, dia e noite; aos olhos alheios um conto de fadas vivido por mil e uma tristezas inúteis. Ver é diferente, sentir é o mesmo, só sabe quem o sente.
Quem dá poder ao creme corre o risco de ver a cereja afundar na inconsistente e movediça superficialidade do bolo de consolo, do prêmio de consolação. Há quem julgue também com o nome de amizade ou relações prósperas compartilhadas de bem-querer fajuto, remissivo depois da festa viral.
Eu já havia dito: quem mergulha nas profundezas da insensatez, afoga-se no mar de dúvidas e inseguranças; qualquer som que se prolifere terá ruídos esquisitos e nunca terá a leveza do vácuo.
Importa que o ar se perceba correndo no corpo, levando vitalidade às partes mais valiosas do conjunto da criação. É neste ar que se mistura a poeira de tudo e, portanto, o que era e se esfarelou ocupa o mesmo espaço do que do pó vai existir. A diferença está em que universo você se enxerga e se mete: o paraíso é tão longe da mente, mas o inferno aproxima muitos doentes.

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