10 de dezembro de 2010

Às bandeiras do orgulho em pó

Frear o orgulho besta de abrir a boca
E entrar moscas para gritar insetos:
Passeio desiludido
Sob gestos simples de uma cadeia alimentar?
Eu como o que atrai todas as espécies.

Eu tenho prato cheio de pretensões,
Então eu canto as riquezas da nação
Que estão guardadas em meu cofre,
Onde os holofotes não chegam porque não quero.

Há ainda o cesto das premissas.
Rezam os padres
Porque os pago em orações e pontos cardeais.
Não é acolá que estão mosteiros,
Só mosquitos.
Aí lhes vendo mosquiteiros
Das minhas indústrias de tudo-faz.

Desde de que me ocupei da felicidade
Não tenho mais tempo de entristecer-me.
- ni otras cositas más -
Sangue é líquido caro;
Suor desde sempre foi salgado;
Sagrado coração pulsante, cosmopolita:
Mais veloz que qualquer via expressa.
Quando eles cobram promessas,
Arrecado pedágios.

O desenvolvimento alheio é líquido
Que vai escorrendo tal qual pingos estatísticos.
Meu envolvimento é ponta nobre,
Afiado e venenoso.
Não há um brasileiro sequer
Que não se curve aos meus bistrôs.

Tenho mais de mim do que de qualquer outro,
Embora não me canse do desconforto
De afirmar a minha tez do velho mundo.
Ainda assim, sou novo, sou lindo, sou rico;
Meu orgulho solidifico e reparto entre os meus
Que não choram lágrimas em pó.


Imagem: reprodução
A partida da Monção (1897), de Almeida Júnior
Óleo sobre tela (664 x 390cm)
Museu Paulista: São Paulo.

Um comentário:

  1. A felicidade nos toma um (ótimo) tempo mesmo...
    E nem queremos pensar noutras coisas...

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