31 de maio de 2011

Pelo Engarrafamento*


Estou no engarrafamento, parado num trânsito maluco. Pessoas estão buzinando com pressa, estressadas porque têm seus compromissos e ficar presas lhes causa agonia. O que essas pessoas estão fazendo? Eu não entendo que elas culpam as outras por esta situação se isso foi causado por todos nós, porque somos condutores neste caminho.
Estou agonizando com elas, não é minha pressa, mas pelas coisas que vejo daqui - no cárcere automotivo -, observando situações confusas, impotente sem poder mudar muito, a não ser quando sair daqui.
O retorno na Saída 2 não dá mais... Onde está aquele viaduto para sair por cima? Quem me dera poder simplesmente abandonar a geringonça que me sustenta tão mal para eu dizer apenas que estou indo...
Os vidros estão fechados, para evitar o máximo esse desconforto sonoro, essa poluição de máquinas que, em sua combustão, lançam seus reagentes no ar que eu respiro. Enquanto isso, tento me distrair com o som alto do radio, o maior volume que consigo, para evitar meu grito agonizante e não prejudicar minhas pregas vocais, que logo serão necessárias para minha comunicação sobrevivente.
Meu corpo já transpira muito, o calor aqui dentro é insuportável - não posso abrir os vidros - o sistema de ventilação foi danificado pela última carona que se meteu e saiu impune. Quase sufocante.
E tudo que eu gostaria neste momento era poder voar, mas "não diga que fui eu que voei."
Vou sair de dentro desta estufa de solidão sob a pressão de buzinas por todos os lados, correr desse trânsito no qual atrevi meter-me. Quanto aos meus pés, falarei deles quando estiver sobre os próximos ovos os quais pisarei.


*Menção à música de Otto
Imagem: Capturada de Rio Real News Blogspot

30 de maio de 2011

Organizando

Eu olhei bem para o meu quarto e percebi a bagunça que ele estava. Na verdade, nunca fui tão organizado no meu canto mais íntimo, mas desta vez percebi que a desorganização estava escancarada na minha frente: trabalhos dos meus alunos, misturados aos DVDs, CDs, produtos de higiene pessoal, agendas, roupas...Se eu parasse para procurar alguma específica, demoraria muito para saber onde deixei. Em analogia à vida, ela mesma me mostra como tudo está: o pensamento, o compromisso com a profissão, com a carreira e, o pior de tudo, comigo mesmo.
Em meio a esta desorganização está meu desespero e a falta de força para deixar tudo em ordem, aí parece um efeito de avalanche, que vai levando tudo que está à frente.
Chegou a hora de deter tanta destruição. Começar pelo mais fácil, mas não esquecer o que precisa transformar. Vendo coisas simples no seu lugar, não preciso mais me preocupar com elas: detalhes unidos formam o conjunto da importância.
Tudo no seu devido lugar, aprendi que nunca estará, mas uma coisa de cada vez surte efeito de força e, se a tempestade passar por aqui, a união fortalece e unidade resiste com mais poder.
Se eu consegui organizar palavras e formar frases, consequentemente parágrafos e, o melhor resultado, um texto, por mais simples que seja, o processo de sofisticação é outra etapa, pois os resultados visíveis já são bom sinal de que o senso de organização está presente. A vontade de pôr em ordem este lugar, o meu lugar - também em mim mesmo - é a vitalidade suficiente para estar bem onde estou.

Imagem: capturada de "Simples assim? Nem tanto!"

27 de maio de 2011

Muito menos eu

Olhar vazio que me cerca
Tempo que nunca foi meu,
Dado assim,
Perdido como dois outros.
Um canto de boca,
Um sorriso forçado,
Dois segundos para não permitir.
Apagar sem concluir.
Eu sempre estive ali;
Hoje vi que não estava mais...
Arrancar e lançar no espaço
Não é tão fácil.
Se consegues me fazer existir
Muito menos eu...
Valente que não alcanças,
Muito menos eu.

16 de maio de 2011

Entrelinhas


Admitir uma falha para mim sempre foi um processo além de culpar-me e reconhecer o equívoco. Publicamente, isso, há algum tempo, viria a ser motivo de vergonha e espera por pedras e sangue (o medo da pena).
Não sou impune e os tropeços sempre foram seguidos de condenação. Meus extremos latejam fortemente entre isentar-me da minha cruz ou incorporar todas as outras dores às minhas e carregar o peso de intenções desnorteadas. Poderia ser mais simples, eu sei. Aceitar minha pena e pagá-la como manda a legislação.
Tenho sido atacado por entrelinhas e muito pior quando o intermeado se preenche de pré-requisitos de astúcia e objeções, que necessitam do meu consensual voto de achar (leia-se apenas dizer) que está tudo bem, que está muito bem - salvo exceções desinteressantes.
Comigo tem funcionado a deglutição de caroços em intervalos de presença física. Desses caroços temperados à mexicana, com um bom nível do meu drama homônimo à nacionalidade, de dor, aspectos marcantes de sabotagem e o meu olhar mais precioso de bem-querer-se-queremos.
Soldados estão em prontidão nas ruas, munidos de foco no meliante, precisando de apenas uma desculpa qualquer para agirem conforme a lei da punição. Ando me policiando à maneira fiel aos meus princípios e sinto que minha infração não virá tão cedo, desde que eu aposte neste momento sublime, em que eu acorde de manhã, viva o dia e durma com a consciência tranquila. Desculpe-me, autoridade, mas sou inocente até que se prove o contrário.
Não há linha exata para andar, mas ando na minha e, nela, escrevo para congregar-me em pacificidade e dedicação aos bons costumes que, menos mal, estão adequados à superficialidade da linha que teimamos em taxar apenas por certo ou errado.
Entretanto, o incômodo persiste nessas entrelinhas que me atacam previsivelmente sob o argumento da trivialidade em coisas que, contraditoriamente, se viessem de mim seria o bom motivo de desacato - os homens da lei estão de olho. E meu álibi permaneceria tão inútil quanto me sinto agora.

Imagem capturada: Hoja, de Chema Madoz

13 de maio de 2011

Menos pelos na cara.


Havia uma distância...
Eu me aproximei com minhas metáforas e você não entendeu.
Eu disse que da próxima vez seria mais bonito. Não foi.
Fiquei esperando entre as mesas e pessoas a beleza que sumiu.
Ela esvaía, poeira nojenta, e me fazia tossir continuamente.
Então, cuspi canhões.
Eram tiros, era trincheira, era besteira nossa de cada dia.
Na verdade, não havia distância alguma que significasse abismo,
Mas por que eu me vi jogado no buraco da sua rebeldia,
Quando você passeava entre os corredores da lascívia?

Não há mais distância alguma.
Estamos no mesmo raio que nos parta de metros cúbicos de sangue.
É meu sangue que escorre à lâmina do aparelho de barbear.
A minha pele ficou macia à espera do seu toque.
Cadê suas mãos?
Meu rosto talhado de mágoa e os cortes da lâmina,
Imperfeito espera seu motivo de me dizer,
Em adoração qualquer - mas sua -, da falta que lhe fiz.
Entretanto não há olhos de eternidade.
Há desconfiança mútua, à parte do todo, pedaços de carinho
Jogados ao vento e à procura da saída, um dia, um dia...
Eu entrei de cabeça e não vou sair lhe dando as costas.

Contei uma semana, quinze aulas, tantas horas,
Nenhuma vontade de mim mesmo que pudesse revogar nosso prazo,
Sua revolta seguida de palavras duras,
Meus adjuntos adverbiais de lugares que você não presencia,
Mas você não acredita.

Eu poderia acreditar por nós,
Mas não vale,
Não vale enquanto você não acredite,
Apenas,
Que eu faço isso.

Preciso tossir quantas vezes para me sentir sadio?
Preciso estar acamado e cobrar seus cuidados?
Eu adoeço se for necessário.
E vendo que o doentio faz parte de muita coisa
Que nos disseram um dia serem sintomas de nós,
À sensibilidade de gostar,
Eu ainda gosto de cada lâmina que corta,
Retalha, dissipa e talha,
Pela sua intenção de afetar:
Por deixar meu rosto mais bonito é que eu me calo.

Imagem: capturada de Zefirelli Brasil

12 de maio de 2011

O Pequeno

É possível ver o contrário ao fato
Que diria pouco do feto,
Pequeno, miúdo, crescido
E continua pequeno
E grandemente querido.

Há uma luz em sua direção,
Ela indica o caminho do sonho.
Pode ela dizer algo real,
Sem fazer notar que aparência engana?
Pequeno tamanho do lado de fora
Uma grua imensa a capturar sua imagem tremenda.

Um homem de afeto
Cresceu mais um ano do quieto
Silêncio da palavra e de pouca fala;
E quando diz de si mesmo revela imensidões
Sobrepujando o que por ora cala.

O nome da inocência, diria,
Às vezes, parece um lado oculto, de fato?
Nada como guardar
Em si mesmo o enredo de tudo.
Dê-lhes o roteiro da vivacidade dos seus olhos
Que dizem tanto sobre seu cinema mudo.

Sorriso prazerosamente lido
E perde quem não registra o fato.
A ficção engana tal qual sua estrutura
Grande, por assim dizer, contradita estatura:
A mais bela cena no próximo ato.

Poema dedicado a Alexandre Brandão Guedes, em celebração ao seu aniversário.

8 de maio de 2011

Meus corações dedicados

Depois de ter sido bombardeado por quase um mês na caixa de e-mail com newsletters de empresas desejando convencer que o meu amor por minha mãe merece ser pluralizado com sifrão, finalmente chega o dia em que o comércio determina que é dia dela. Não comprei nada, infelizmente. Não foi hesitação à ditadura mercadológica nem falta de nada. Apenas um plural inaceitável para mim, impossibilitado por incongruência de sentido. Ela - minha mãe - é hoje a pessoa mais valiosa do mundo para mim. O melhor presente se eu pudesse NOS dar seria estar ao lado dela neste dia, uma outra impossibilidade.
Meus dotes artísticos nas plásticas não são nada competentes, mas neste momento estou de frente à tela que eu fiz com uma temática voltada para ela, em que os movimentos das minhas mãos pareciam ser motivados pelo amor que lhe tenho. Na verdade, o amor maior e único incondicional deste mundo, sem necessidade de retribuição no segundo domingo de maio.

"Mamãe, mamãe, não chore.
Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz.
Mamãe, seja feliz.
Mamãe, mamãe, não chore.
Não chore nunca mais, não adianta...
Eu tenho um beijo preso na garganta.
Eu tenho um jeito de quem não se espanta.
(Braço de ouro vale 10 milhões)
Eu tenho corações fora peito.
Mamãe, não chore,
Não tem jeito."

5 de maio de 2011

Nada


"Ei nós, que viemos

De outras terras, de outro mar
Temos pólvora, chumbo e bala.
Nós queremos é guerrear"

Eram alguns quilômetros de distância, um eufemismo para milhares...
Eu andava meio perdido em passos apressados para não se sabe onde, mas eu tinha pressa.
Tropeçava nos degraus insinuantes das instituições que atestariam meus novos aspectos de consciência limpa.

Existiam alguns homens maus, convidando aos seus festejos prepotentes - eles tinham emprego, bebidas e cigarros - homens funcionais.
Eu frequentei a folia dos seus índices de desenvolvimento abastardo, consagrando o vigor de números e a quantidade absoluta de repertório para prolongar-se ímpetos de 'fodam-se, mãe gentil'!
Eu andava ainda sem perceber o consolo que não celebra um passo de vitória.
Existiam ainda aquelas mulheres por trás das cabanas enfeitadas de tecnologia, dando-lhe o ar de democracia e prospecção modernas.
Na verdade, era tudo bem igual.
Eu andava, andava e só via a mudança de vegetação, e a temperatura esfriava. Fora isso, tudo igual. Bem igual.
Rico, soberbo mundo dos nativos de cada feudo repaginado...

Foi aí que apareceu o susto. Sabe aquele que mete medo e o pelo arrepia, o coração pulsa fora do normal e a pele esfria?
Tomei meu susto, como se fosse remediável à situação da angústia. Não era.
Fosse maior o tempo, corresponder-me-ia com frequência aos meus que estão cada vez mais ansiosos pelo desbravamento a que me comprometi.
Fiquei na dúvida da satisfação ou silêncio ante às provas.

Correspondi-me pouco menos que o habitual (mas não tão necessário).

Agora, eu tenho um par de mês, um par de meias para enfrentar o inverno que vai chegar.

Há também, dedicado a mim, ao meu ver, discurso fajuto (a que chamam de mistério) de necessidade enrolada, nas expectativas indivisíveis, embora eu queira divisão de bens e úteis momentos.

Olhei o passado há poucos dias transcorridos, lembrei-me de um sorriso e um sufoco bom - tão bom fôlego perdido e brevemente restabelecido sob o olhar que alucina todos os meus suspiros de esperar para ver!
E neste exato momento, que não me culpem pela sensação de saudade do mar, da esperança saltitante dos meus poros, da libido que na rua não sai mais e espera em casa o melhor tempo alheio.
Eu deixei de decidir não por fraqueza, desistência? Nunca.
Franqueza demais há calada nos meus versos que sistemas binários não identificam. Um leitor automático não digere a ética, a estética nem acumula êxitos culturais. Eu tenho todos guardados no repertório do meu rascunho mais bonito.

Ferrenho medo e instabilidade que insulta minha volta, a cada susto, repentina; voltar para o leste, onde sei que o mar é limite contra-corrente que deseje afogar-me em lágrimas.

Imagem capturada: The Seducer, de René Magritte

3 de maio de 2011

Par

Quando iniciei este blog tinha tantos motivos para desabafar. O intuito foi esse mesmo, despejar uma decepção à época em linhas onde eu pudesse sentir que estava pondo para fora tudo o que eu não queria dentro de mim. Fiz isso por alguns meses, à minha maneira, e conquistei alguns apreciadores de uma literatura tão pessoal, porém cheia de identificações. O tempo passou e os rumos foram tomando novo sentido. Houve outras direções física e emocionalmente desejadas, conquistadas e, finalmente, comemoradas. Aí sempre me perguntava se essa minha exposição contínua poderia me causar danos. Houve tantas respostas, mas encontrar pessoas com quem solidarizei os dramas e perspectivas foi o gosto mais indiscreto e explícito do meu prazer em não me sentir só.
Ao fazer um ano de aniversário, dei novas roupas a quem chamei de Imperador. Tirei o sombrio que ornamentava o leiaute da página, reduzi ao extremo o preto e me permiti ver azuis espirituosos, alcançando até os tons lilás e roxo, esses que ainda permito estar.
No segundo aniversário deste blog não lhe darei novas roupas porque não sinto que elas estejam velhas. Velho estou eu, mas o meu lado adolescente eufórico combina bem com os tons que resolvi dar em busca de uma espiritualidade baseada na interação entre bits de interlocução.
Após dois anos, alguma coisa além também mudou. Esses novos ares parecem festejar comigo, apesar das coisas que ficaram largadas e perdidas em outra semântica, querendo ainda um pouco mais de satisfações. Embora o sentimento de melancolia impulsione minhas mais treslocadas inspirações, é com alegria que eu celebro minha amadora e sincera forma de me doar ao mundo. O que vier, seja o que for, em outra contagem, que seja processado à luz do conhecimento simbólico, à percepção sui generis e que se traduza em resumo de histórias que muitos ainda gostam de ler.
Obrigado!

Imagem capurada: The Art of Catalin Bridinel

2 de maio de 2011

Pecado substituto


Achei que eu era cristão até demais, mas vi que até o candomblé elucida o sofrimento no que diz respeito às mitologias que incorpora.
Parece repetir-se o Canto de Ossanha em um repeat desacelerado - para magoar em doses sádicas - combinado com uma Salvifici Dolores, orientando o pobre masoquista a aceitar sua cruz.

Obrigado por sua colaboração!

Inevitável sucumbir a presença do senhor que se sobrepõe ao que obedece. Muitas vezes isso se segue com a educação democrática e se veste de colaboração para adaptar-se às líricas da atualidade.

Obrigado por sua ignorância!

Entre o sim e o não, o silêncio põe a dúvida que revela desprendimento. Assim, ignorar o 'opositor' faz de qualquer um detentor dos poderes de cárcere que nem quer ver quem ali dentro esteja.

Obrigado por seu escarro!

Nada mais realista que a permanência até que se obtenha o volume exato de cuspir toda vingança de grosso modo.

Obrigado pelo seu passado!

Já é a obediência e a tomada de culpa até onde não se estava presente - mas agradece.

Obrigado pela minha morte!

Há quem lhe lega uma vala emocional e convida impiedosamente a fazer abrigo eterno na dureza que lhe convier.

Obrigado pela saudade!

Quando Deus lhe entrega a rotina, traça seu destino e combina a dor nisso. Então, o indivíduo febril entende a ausência provocada e calada no surto de enfermidade. Ninguém ouvirá seu pranto, ao menos que você reconheça que não consegue mais... E cobre a presença quando não há ouvinte.

Imagem capturada: Rosa, de Chema Madoz

Poesia

Como alguns já leram, até mesmo por aqui no blog, a poesia está em minha vida em todas as ocasiões. Tentar encontrar o poético parece mesmo uma tarefa difícil, mas ajuda a enxergar de maneira mais intensa todas as coisas. Na última noite, neste domingo, assisti ao filme sul-coreano Poesia. O roteiro, premiado em Cannes, realmente se assemelha ao cotidiano de tantos, cheio de dificuldades e porções generosas de bem-estar. Como se vivesse o dual, normalmente, os sabores que enchem nosso paladar vital transitam de quase um transe eufórico (pode até ser em algo singelo) ao dissabor que ocasiona aquele gosto amargo, o qual tive há pouco antes de vir aqui à cama tentar dormir, sem sucesso.
Pequenas atitudes podem causar danos irreversíveis também, ou profundidade agonizante, como a falta de um abraço querido para ter uma boa noite e encarar a rotina (nada mais pessoal, né?). Mija, protagonista do filme de Lee Chang Dong, tenta encontrar em sua rotina a beleza, ocupar-se num mundo onde ocupações são necessárias.
Ao se matricular em um curso de poesia, Mija, então, procura no cotidiano a sua poesia. No entanto, a vida dessa senhora de aproximadamente 65 anos tem o poético incutido em cada detalhe, ainda que ela não domine a inspiração para escrever sua poesia. Assim, os dias mostram que o poético não é necessariamente o belo, como ensina seu professor do curso. E no fim da história, Mija consegue escrever seu poema.
Além dos olhos, que é um dom vital, temos o olhar que modifica todo sentido de cada coisa, dada ou conquistada. Olhar macula, purifica ou encaminha a direções quaisquer, baseadas no intuito de descobrir, sentir, amar, detestar, etc.
Escrever poesia é como um ensaio constante a caminhar diferente, testando os sentidos e degustando de tantos outros sentimentos, arcando com todos os limites da digestão de metáforas.

Imagem capturada: Cinemaniac