2 de maio de 2011

Poesia

Como alguns já leram, até mesmo por aqui no blog, a poesia está em minha vida em todas as ocasiões. Tentar encontrar o poético parece mesmo uma tarefa difícil, mas ajuda a enxergar de maneira mais intensa todas as coisas. Na última noite, neste domingo, assisti ao filme sul-coreano Poesia. O roteiro, premiado em Cannes, realmente se assemelha ao cotidiano de tantos, cheio de dificuldades e porções generosas de bem-estar. Como se vivesse o dual, normalmente, os sabores que enchem nosso paladar vital transitam de quase um transe eufórico (pode até ser em algo singelo) ao dissabor que ocasiona aquele gosto amargo, o qual tive há pouco antes de vir aqui à cama tentar dormir, sem sucesso.
Pequenas atitudes podem causar danos irreversíveis também, ou profundidade agonizante, como a falta de um abraço querido para ter uma boa noite e encarar a rotina (nada mais pessoal, né?). Mija, protagonista do filme de Lee Chang Dong, tenta encontrar em sua rotina a beleza, ocupar-se num mundo onde ocupações são necessárias.
Ao se matricular em um curso de poesia, Mija, então, procura no cotidiano a sua poesia. No entanto, a vida dessa senhora de aproximadamente 65 anos tem o poético incutido em cada detalhe, ainda que ela não domine a inspiração para escrever sua poesia. Assim, os dias mostram que o poético não é necessariamente o belo, como ensina seu professor do curso. E no fim da história, Mija consegue escrever seu poema.
Além dos olhos, que é um dom vital, temos o olhar que modifica todo sentido de cada coisa, dada ou conquistada. Olhar macula, purifica ou encaminha a direções quaisquer, baseadas no intuito de descobrir, sentir, amar, detestar, etc.
Escrever poesia é como um ensaio constante a caminhar diferente, testando os sentidos e degustando de tantos outros sentimentos, arcando com todos os limites da digestão de metáforas.

Imagem capturada: Cinemaniac

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