13 de maio de 2011

Menos pelos na cara.


Havia uma distância...
Eu me aproximei com minhas metáforas e você não entendeu.
Eu disse que da próxima vez seria mais bonito. Não foi.
Fiquei esperando entre as mesas e pessoas a beleza que sumiu.
Ela esvaía, poeira nojenta, e me fazia tossir continuamente.
Então, cuspi canhões.
Eram tiros, era trincheira, era besteira nossa de cada dia.
Na verdade, não havia distância alguma que significasse abismo,
Mas por que eu me vi jogado no buraco da sua rebeldia,
Quando você passeava entre os corredores da lascívia?

Não há mais distância alguma.
Estamos no mesmo raio que nos parta de metros cúbicos de sangue.
É meu sangue que escorre à lâmina do aparelho de barbear.
A minha pele ficou macia à espera do seu toque.
Cadê suas mãos?
Meu rosto talhado de mágoa e os cortes da lâmina,
Imperfeito espera seu motivo de me dizer,
Em adoração qualquer - mas sua -, da falta que lhe fiz.
Entretanto não há olhos de eternidade.
Há desconfiança mútua, à parte do todo, pedaços de carinho
Jogados ao vento e à procura da saída, um dia, um dia...
Eu entrei de cabeça e não vou sair lhe dando as costas.

Contei uma semana, quinze aulas, tantas horas,
Nenhuma vontade de mim mesmo que pudesse revogar nosso prazo,
Sua revolta seguida de palavras duras,
Meus adjuntos adverbiais de lugares que você não presencia,
Mas você não acredita.

Eu poderia acreditar por nós,
Mas não vale,
Não vale enquanto você não acredite,
Apenas,
Que eu faço isso.

Preciso tossir quantas vezes para me sentir sadio?
Preciso estar acamado e cobrar seus cuidados?
Eu adoeço se for necessário.
E vendo que o doentio faz parte de muita coisa
Que nos disseram um dia serem sintomas de nós,
À sensibilidade de gostar,
Eu ainda gosto de cada lâmina que corta,
Retalha, dissipa e talha,
Pela sua intenção de afetar:
Por deixar meu rosto mais bonito é que eu me calo.

Imagem: capturada de Zefirelli Brasil

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