3 de maio de 2011

Par

Quando iniciei este blog tinha tantos motivos para desabafar. O intuito foi esse mesmo, despejar uma decepção à época em linhas onde eu pudesse sentir que estava pondo para fora tudo o que eu não queria dentro de mim. Fiz isso por alguns meses, à minha maneira, e conquistei alguns apreciadores de uma literatura tão pessoal, porém cheia de identificações. O tempo passou e os rumos foram tomando novo sentido. Houve outras direções física e emocionalmente desejadas, conquistadas e, finalmente, comemoradas. Aí sempre me perguntava se essa minha exposição contínua poderia me causar danos. Houve tantas respostas, mas encontrar pessoas com quem solidarizei os dramas e perspectivas foi o gosto mais indiscreto e explícito do meu prazer em não me sentir só.
Ao fazer um ano de aniversário, dei novas roupas a quem chamei de Imperador. Tirei o sombrio que ornamentava o leiaute da página, reduzi ao extremo o preto e me permiti ver azuis espirituosos, alcançando até os tons lilás e roxo, esses que ainda permito estar.
No segundo aniversário deste blog não lhe darei novas roupas porque não sinto que elas estejam velhas. Velho estou eu, mas o meu lado adolescente eufórico combina bem com os tons que resolvi dar em busca de uma espiritualidade baseada na interação entre bits de interlocução.
Após dois anos, alguma coisa além também mudou. Esses novos ares parecem festejar comigo, apesar das coisas que ficaram largadas e perdidas em outra semântica, querendo ainda um pouco mais de satisfações. Embora o sentimento de melancolia impulsione minhas mais treslocadas inspirações, é com alegria que eu celebro minha amadora e sincera forma de me doar ao mundo. O que vier, seja o que for, em outra contagem, que seja processado à luz do conhecimento simbólico, à percepção sui generis e que se traduza em resumo de histórias que muitos ainda gostam de ler.
Obrigado!

Imagem capurada: The Art of Catalin Bridinel

3 comentários:

  1. Desejo mais explicitamente que muitos outros pares de anos sejam invadidos pela literatura pessoal e de qualidade que poucos sabem e têm a coragem de fazer.
    Parabéns!
    Que as cores mais vibrantes norteiem seus dias para que vejamos muita luz por aqui.
    Saúde!

    lunovaes_

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  2. Parabéns! rs

    É bom olhar para o que já se foi escrito e sentido. Dá para perceber as mudanças, o jeitão de sempre não nem sempre o mesmo. Mudamos.

    Abraço forte.

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  3. Ter no meu sertão a passagem de "um dono de casa" tão singular e ao mesmo tempo tão parecido foi chuva fina amansando a terra dura, sofrida. Foi vento, foi água, foi novidade. Confesso que ao chegar aqui, tomei sopa, descansei, fui ao jardim, tive tempo para ficar com vergonha antes de abrir o coração. Obrigada!

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