16 de maio de 2011

Entrelinhas


Admitir uma falha para mim sempre foi um processo além de culpar-me e reconhecer o equívoco. Publicamente, isso, há algum tempo, viria a ser motivo de vergonha e espera por pedras e sangue (o medo da pena).
Não sou impune e os tropeços sempre foram seguidos de condenação. Meus extremos latejam fortemente entre isentar-me da minha cruz ou incorporar todas as outras dores às minhas e carregar o peso de intenções desnorteadas. Poderia ser mais simples, eu sei. Aceitar minha pena e pagá-la como manda a legislação.
Tenho sido atacado por entrelinhas e muito pior quando o intermeado se preenche de pré-requisitos de astúcia e objeções, que necessitam do meu consensual voto de achar (leia-se apenas dizer) que está tudo bem, que está muito bem - salvo exceções desinteressantes.
Comigo tem funcionado a deglutição de caroços em intervalos de presença física. Desses caroços temperados à mexicana, com um bom nível do meu drama homônimo à nacionalidade, de dor, aspectos marcantes de sabotagem e o meu olhar mais precioso de bem-querer-se-queremos.
Soldados estão em prontidão nas ruas, munidos de foco no meliante, precisando de apenas uma desculpa qualquer para agirem conforme a lei da punição. Ando me policiando à maneira fiel aos meus princípios e sinto que minha infração não virá tão cedo, desde que eu aposte neste momento sublime, em que eu acorde de manhã, viva o dia e durma com a consciência tranquila. Desculpe-me, autoridade, mas sou inocente até que se prove o contrário.
Não há linha exata para andar, mas ando na minha e, nela, escrevo para congregar-me em pacificidade e dedicação aos bons costumes que, menos mal, estão adequados à superficialidade da linha que teimamos em taxar apenas por certo ou errado.
Entretanto, o incômodo persiste nessas entrelinhas que me atacam previsivelmente sob o argumento da trivialidade em coisas que, contraditoriamente, se viessem de mim seria o bom motivo de desacato - os homens da lei estão de olho. E meu álibi permaneceria tão inútil quanto me sinto agora.

Imagem capturada: Hoja, de Chema Madoz

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