"Ei nós, que viemos
De outras terras, de outro mar
Temos pólvora, chumbo e bala.
Nós queremos é guerrear"
Eu andava meio perdido em passos apressados para não se sabe onde, mas eu tinha pressa.
Tropeçava nos degraus insinuantes das instituições que atestariam meus novos aspectos de consciência limpa.
Existiam alguns homens maus, convidando aos seus festejos prepotentes - eles tinham emprego, bebidas e cigarros - homens funcionais.
Eu frequentei a folia dos seus índices de desenvolvimento abastardo, consagrando o vigor de números e a quantidade absoluta de repertório para prolongar-se ímpetos de 'fodam-se, mãe gentil'!
Eu andava ainda sem perceber o consolo que não celebra um passo de vitória.
Existiam ainda aquelas mulheres por trás das cabanas enfeitadas de tecnologia, dando-lhe o ar de democracia e prospecção modernas.
Na verdade, era tudo bem igual.
Eu andava, andava e só via a mudança de vegetação, e a temperatura esfriava. Fora isso, tudo igual. Bem igual.
Rico, soberbo mundo dos nativos de cada feudo repaginado...
Foi aí que apareceu o susto. Sabe aquele que mete medo e o pelo arrepia, o coração pulsa fora do normal e a pele esfria?
Tomei meu susto, como se fosse remediável à situação da angústia. Não era.
Fosse maior o tempo, corresponder-me-ia com frequência aos meus que estão cada vez mais ansiosos pelo desbravamento a que me comprometi.
Fiquei na dúvida da satisfação ou silêncio ante às provas.
Correspondi-me pouco menos que o habitual (mas não tão necessário).
Agora, eu tenho um par de mês, um par de meias para enfrentar o inverno que vai chegar.
Há também, dedicado a mim, ao meu ver, discurso fajuto (a que chamam de mistério) de necessidade enrolada, nas expectativas indivisíveis, embora eu queira divisão de bens e úteis momentos.
Olhei o passado há poucos dias transcorridos, lembrei-me de um sorriso e um sufoco bom - tão bom fôlego perdido e brevemente restabelecido sob o olhar que alucina todos os meus suspiros de esperar para ver!
E neste exato momento, que não me culpem pela sensação de saudade do mar, da esperança saltitante dos meus poros, da libido que na rua não sai mais e espera em casa o melhor tempo alheio.
Eu deixei de decidir não por fraqueza, desistência? Nunca.
Franqueza demais há calada nos meus versos que sistemas binários não identificam. Um leitor automático não digere a ética, a estética nem acumula êxitos culturais. Eu tenho todos guardados no repertório do meu rascunho mais bonito.
Ferrenho medo e instabilidade que insulta minha volta, a cada susto, repentina; voltar para o leste, onde sei que o mar é limite contra-corrente que deseje afogar-me em lágrimas.
Imagem capturada: The Seducer, de René Magritte
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