Era uma mensagem comum, quase um papo informal e, na despedida, "tenho saudades", pontuava. Sim, os diálogos efêmeros estão incorporando uma expressão incoerente com a realidade. Saudade de mim? Pergunto a todo instante.
Aqueles que sentem falta de presença física, porque ela elabora mais uma postagem no diário da vida, dar-se-ão conta de que um abraço, um beijo, um papo olho no olho fazem grande diferença. Mas, novamente indago, quando? Quando foi isso, na verdade?
Um banho de água fria, eu sinto... a palavra saudade, cada vez mais, nas minhas inquietudes e tentativas de reaproximação, torna-se sinal de pontuação, sem denotar a força da verdade ou a fraqueza e falta de aptidão para outro, dos muitos, desfechos das minhas relações, que descartam os demais sentimentos os quais, um dia, deixariam-na, deveras.
"Eu não ligo pra ninguém" foi a justificativa que recebi de uma ex-grande amiga, que há meses não faz uma ligação, inclusive para compartilhar a sua primeira maternidade que se forma em seu ventre. São economias de dinheiro e sentimento, racionando qualquer motivo de dizer que a falta, ali, é sentida. Eu lamento.
"Eu não ligo pra ninguém" foi a justificativa que recebi de uma ex-grande amiga, que há meses não faz uma ligação, inclusive para compartilhar a sua primeira maternidade que se forma em seu ventre. São economias de dinheiro e sentimento, racionando qualquer motivo de dizer que a falta, ali, é sentida. Eu lamento.
Desde que me mudei de Alagoas para São Paulo, vi laços fortalecidos por jantares, carnavais, alto e bom som de um por-acaso-terminamos-aqui, nesta noite, vazia... Outros momentos de que me lembro, saudoso, eu poderia sentir o calor daquela pessoa ou a embriaguez dela, a qual me cobrava uma direção, nem que fosse para chegarmos juntos ao mesmo bairro, depois de uma noite desperdiçada nos prazeres que certo deus profano permitia: beber. Há dias, semanas, meses que não tenho o prazer de beber com alguns velhos amigos e, o pior, tenho saudade desta pequena atitude, que o moralismo da minha mãe sempre avisava: "para uma mesa de bar sempre haverá companhia", profetizando que a mesa sempre existirá, talvez eu não esteja mais à ela, inseparável.
São quilômetros que nos separam, velhos amigos e envelhecidos, na forma mais cruel de sua semântica, nada novo para me fazer ter vontade de rejuvenescer rancor, que não o guardo, mas noto suas rugas e cabelos brancos a cada mês que esqueço um nome.
De Campinas a São Paulo, a capital do Estado-meu-abrigo, menor distância e cada vez que ali estou, uma cobrança de quem diz que eu vou sempre - e nem é assim - e não procuro. Procurar pelo quê? Lembrança de que estou a pouco mais de uma hora de caminho para matar saudade, a falecida? É compromisso diplomático? Check-in para permanecer no histórico que "estive contigo"? Eu vou e venho sempre como qualquer pessoa com sua liberdade de ir e vir, e poder fazer escolhas, mas sempre inventaremos desculpa se reparamos que na agenda não houve espaço para uma visita aqui, ali, aí, em qualquer lugar, que, certamente, se for para matar a saudade que se sente, não precisa dizer que trabalho, estudo, nascer, crescer, reproduzir e... Morrer: completa ciclo de esquecimentos.